Bico calado
- No seu recente livro de memórias, o Príncipe Harry afirmaque matou 25 combatentes afegãos durante o seu segundo destacamento no Iraque em 2012/13. Diz
que matar alguém com um helicóptero Apache é "uma alegria" e
compara-o a jogar videojogos. Discute também como os militares ensinam os
soldados a desumanizar os seus inimigos, afirmando que via as suas vítimas como
peças de xadrez. Via Carlos Latuff. Ammar Awad/Reuters.
- «A ONU votou para solicitar ao Tribunal Internacional de
Justiça (TIJ) que emita um parecer consultivo definindo a ocupação israelita da
Palestina e expondo as implicações das suas violações, há décadas, do direito
do povo palestiniano à autodeterminação. A importância da decisão reside no
facto de trazer de volta à estaca zero a discussão sobre a ocupação israelita,
a fim de levantar todas as formas de falsificação, distorção e orientação
errada da opinião pública mundial sobre uma das questões mais justas da nossa
história contemporânea, que é a causa palestiniana. Ela irá lançar mais uma vez
luz sobre a maior injustiça histórica a que uma nação foi sujeita na história
moderna e da qual ainda sofre e faz enormes sacrifícios diariamente para a
enfrentar. Esta decisão equivale a corrigir o erro histórico que foi
negligenciado pelo mundo, quando a Assembleia Geral da ONU revogou a sua
decisão de 1975 de descrever o sionismo como uma ideologia racista. Na semana
passada, houve um grande consenso entre as nações, com 87 países a votarem a
favor da decisão, incluindo muitos que têm boas relações com Israel, e apenas
26 países se lhe opuseram. A fim de compreender a importância desta decisão e
as suas consequências futuras que constituem um perigo para a existência da
ocupação israelita, é necessário voltar a ler a natureza do parecer consultivo
solicitado ao TIJ, que foi formulado em seis questões principais: Quais são os
efeitos jurídicos decorrentes da contínua violação por parte de Israel do
direito do povo palestiniano à autodeterminação? Quais são os efeitos da sua
ocupação, colonização e anexação a longo prazo dos territórios palestinianos
ocupados desde 1967? E as medidas destinadas a alterar a composição
demográfica, o caráter e o estatuto da Cidade Santa de Jerusalém? E a sua
adopção de legislação e medidas discriminatórias a este respeito? De que modo
irão as políticas e práticas israelitas acima mencionadas afetar o estatuto
jurídico da ocupação? Quais são as implicações legais desta situação para todos
os países e para a ONU? Os que aprovaram a decisão solicitaram que o parecer
consultivo jurídico exigido respeitasse as regras e princípios do direito
internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas, o direito humanitário
internacional, o direito internacional dos direitos humanos, as resoluções relevantes
do Conselho de Segurança, da Assembleia Geral e do Conselho dos Direitos
Humanos, e o parecer consultivo do Tribunal datado de 9 de julho de 2004. O
referido parecer está relacionado com o Muro de Separação que Israel construiu
dentro dos territórios palestinianos ocupados, e considerou-o uma violação do
direito internacional, e exigiu que a ocupação israelita deixasse de construir
o muro, demolisse o que foi construído, e pagasse uma indemnização a todos os
afetados, incluindo os que vivem em Jerusalém Oriental ocupada e nas áreas
circundantes. (...)» Ali Anzola, MEM.
- A Campanha Árabe pela Educação para Todos alertou que as
forças de ocupação israelitas entregaram ordens de demolição a 58 escolas na
Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, em flagrante violação do
direito das crianças palestinianas à educação. MEM.
- «Para os chineses que viviam nas zonas rurais da Malásia,
a política britânica “sem luvas” significava, em muitos casos, que o governo
não avisava os aldeões das suas iminentes deslocalizações. Isto era
particularmente verdade em áreas classificadas como "más" ou "pretas".
Um funcionário colonial descreveu mais tarde que "quando se fazia uma
deslocalzação, era como se fosse uma emboscada; de repente, de madrugada, toda
a polícia, todos os soldados entravam e cercavam a aldeia. Era horrível". Com o elemento surpresa, as forças de segurança esperavam
impedir que alguém escapasse pelo cordão e se dirigisse para os campos dos
rebeldes comunistas. Nestas operações-surpresa os aldeões recolhiam quase
sempre poucos bens antes de serem metidos em camiões que os transferiam para novos
campos. As famílias ficavam separadas na confusão e pelas aldeias dispersas. À
medida que camiões levavam "ocupantes estrangeiros chineses" para
novos aldeamentos que pontilharam a zona rural e as franjas urbanas da Malásia,
as forças de segurança incendiavam tudo o que ficava para trás. Um rebelde
comunista testemunhou o incêndio da sua aldeia: "Eu nunca esqueci a cena.
Os soldados britânicos atearam fogo e incendiaram a minha terra. Durante quase
uma semana eu só conseguia ver o fumo a subir no céu. A fúria apenas alimentou
o meu ódio e reforçou a minha vontade de lutar contra o Governo Colonial
Britânico".» Caroline Elkins, Legacy of Violence – a History of the
British Empire. The Bodley Head/Penguin 2022, p 506.
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