terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Reflexão – Me(R)dia dominantes favorecem futebol em prejuízo da biodiversidade

Como é que os países desérticos que carecem de água, neve e relva convenceram as autoridades desportivas de que poderia haver gelo, neve e relva irrigada suficientes para planear estes eventos nesta década, quando é a década que deveria ser dedicada a limitar drasticamente as emissões de CO2 e a preservar os recursos hídricos? Graças à inação geral dos Estados, paralisados pela sua dependência em relação aos combustíveis fósseis. 

Da cimeira do Clima COP27 à cimeira da Biodiversidade COP15, eles não assumem compromissos para transformar modelos económicos e não fazem a ligação entre as negociações sobre o clima e as negociações sobre a biodiversidade. O texto proposto pela Chinana COP15 não consegue colmatar todas as lacunas, particularmente no que diz respeito à redução de pesticidas, ao financiamento ou à transformação do nosso modelo agrícola.

As palavras premonitórias do Presidente francês Jacques Chirac na Cimeira da Terra de Joanesburgo de 2002, - “A casa está a arder e nós estamos a olhar para o outro lado" -, são mais relevantes do que nunca. Vinte anos depois, a ausência virtual do COP15 nos media centrou-se na Meca do futebol, resumindo a indiferença do mundo pelo seu próprio futuro. No entanto, depende da sua capacidade de preservar o que resta da biodiversidade. A indiferença dos media mata lenta mas garantidamente um ecossistema cada vez mais frágil, impedindo a mobilização da opinião pública sobre o que é essencial.

Anne-Catherine Husson-Traore, Novethic.

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