Entre 7 e 19 de dezembro, acontece em Montreal a COP15, a Convenção sobre Diversidade Biológica. Os países vão discutir como travar e inverter a perda global de biodiversidade. A China é o presidente da COP15, mas não pôde acolher o evento na cidade originalmente prevista de Kunming devido às restrições da Covid-19. Por conseguinte, as conversações voltaram a Montreal, onde está sediada a Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CDB). Mas a China não convidou líderes mundiais para Montreal, o que suscita o receio de que falte na cimeira o impulso político necessário para produzir um resultado ambicioso. "Por que motivo os media não badalam sobre esta cimeira como o fizeram com a cimeira do clima no mês passado? Porque a conferência desta semana não conta com a presença de Chefes de Estado. O interesse dos media raramente é sobre o tema. É sempre sobre o que os poderosos estão a fazer", escreveu, a propósito, George Monbiot.
Entretanto, a Friends of the Earth International, publicou um relatório, - The Nature of Business: Corporate Influence Over the Convention on Biological Diversity and the Global Biodiversity Framework -, onde denuncia a forma como os interesses empresariais tentaram moldar o recente curso dos trabalhos do tratado durante 20 anos e, em muitos casos, conseguiram fazê-lo. “Para alcançar os resultados desejados", explica o relatório, "as empresas têm utilizado uma variedade de táticas e estratégias para influenciar os processos da CDB, incluindo as seguintes: fazer lóbi direto sobre as partes; visar delegações individuais ou tornar-se parte delas; instalar contatos directos no Secretariado da CDB; fazer uso de portas giratórias; cooptar a sociedade civil, universidades e grupos de reflexão; financiar atividades das Nações Unidas; distorcer a linguagem e conceitos; e parcerias público-privadas". Destaca-se uma estratégia em particular: a formação de plataformas de lóbi propositadamente construídas, permitindo que muitas empresas, como a BP ou a Vale, se apresentem como parte da solução e defendam a sustentabilidade com nomes sonantes verdes. No entanto, as suas "soluções" são cuidadosamente elaboradas de modo a não prejudicarem os seus modelos de negócio; em última análise, não fazem nada pelo ambiente.
A Friends of the Earth recomenda resistir à pressão de dar aos interesses empresariais uma posição privilegiada nas negociações, excluir os representantes empresariais das delegações nacionais, aumentar a transparência em torno dos lóbis e das ligações existentes com o setor privado, acabar com todas as parcerias com empresas e associações comerciais, estabelecer um código de conduta para funcionários das Nações Unidas, e monitorizar o impacto das empresas nas pessoas e no planeta. Uma das exigências do público que vai à COP15 vem de mais de 650 cientistas, que, numa carta aos líderes mundiais, insistem no fim da queima de árvores para obter energia: “Garantir a segurança energética é um grande desafio para a sociedade, mas a resposta não é queimar as nossas preciosas florestas. Considerar isto 'energia verde' é enganador e corre o risco de acelerar a crise global da biodiversidade".
Fontes: CarbonBrief, Twitter e Common Dreams.
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