Bico calado
- Marcelo Rebelo de Sousa parece ter imenso prazer em exibir-se, pondo-se a jeito, tropeçando e enredando-se em meadas descartadas por ele mesmo. Na homenagem feita pela RTP1 no seu noticiário das 13h de quarta-feira, 16 de novembro de 2022, Marcelo aparece a bater palmas e a cantar ‘Parabéns a você’ pelos 100 anos do escritor, numa escola onde se homenageava José Saramago, o nosso prémio Nobel da Literatura. Acontece que, em 6 de abril de 2016, entrevistado pela TSF, Marcelo confidenciava que, se fosse refugiado, incluiria na sua mochila três livros, um de um escritor francês, outro de um irlandês e outro de um russo. Registei esta tirada em devido tempo, acrescentando: "'A Jangada de Pedra' não lhe diz nada. Obrigado, senhor Presidente. Por isso, não será por acaso que a própria TSF tenha cortado essa referência nas versões editadas online dos seus noticiários das 8 e da 9 da manhã de hoje, quarta-feira, 6 de abril." Decorridos 6 anos, os tentáculos do ventríloquo-mor terão liofilizado o tema, expurgando-o de referências comprometedoras. Justiça seja feita ao Observador, que, pelo menos, mostra, por enquanto, não assumir vergonhas espúrias.
- A Ucrânia retirou a acreditação a seis jornalistas da CNN e da Sky News. Segundo as autoridades, estes media trabalharam sem o consentimento dos comandantes e dos serviços de relações públicas das unidades militares em Kherson. Refira-se que imagens da Associated Press captaram cidadãos amarrados a postes, acusados de serem colaboradores pró-russos e que numa imagem da CNN apareceu um jovem com uma bandeira ucraniana a fazer a saudação nazi. Estes media foram os primeiros a chegar à cidade e têm acompanhado a reação de uma parte dos moradores que decidiram ficar em Kherson à chegada das tropas ucranianas. As autoridades ucranianas acusam estes media de não esperarem pelas "medidas de estabilização" na cidade. Bruno Carvalho.
- «Entre eles estava Horatio Herbert Kitchener, que iria deixar a maior marca no interior da África do Sul. Kitchener já era lendário pelas suas vitórias heróicas noutras partes do império e tinha sido devidamente recompensado por elas. O seu sucesso mais famoso foi em 1898 na Batalha de Omdurman, no Sudão, onde vingou a morte do General Charles George Gordon às mãos dos mahdistas, os seguidores sudaneses do líder muçulmano Muhammad Ahmad (al-Mahd). Equipados com metralhadoras e espingardas modernas, as tropas de Kitchener enfrentaram uma força inimiga com quase o dobro do seu tamanho. Com Churchill lá para testemunhar, as forças britânicas mataram pelo menos dez mil e feriram mais de treze mil. O general perdeu apenas quarenta e sete soldados, sofrendo 382 feridos. Uma testemunha ocular observou: "Foi o último dia do Mahdismo e o maior. Eles nunca se aproximaram e recusaram-se a conter-se. ... Aquilo não foi uma batalha, foi uma execução .... Os corpos não estavam aos montes, espalhavam-se uniformemente por acres e acres. Alguns estavam estendidos, muito compostos com os seus chinelos colocados debaixo da cabeça como última almofada; alguns ajoelhados-se, cortados no meio de uma última oração. Outros estavam reduzidos a pedaços.”». Caroline Elkins, Legacy of Violence – a History of the British Empire. The Bodley Hed/Penguin 2022, p 85.
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