sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Air France cancela operação de lavagem verde

  • Tratava-se de uma campanha de venda de bilhetes segundo a qual, pagando mais 4%, os passageiros iriam ajudar a plantar árvores suficientes para absorver o CO2 emitido pelo voo.  O cancelamento ocorreu graças à mobilização do coletivo Pensons l'aéronautique pour demain. Reporterre.
  • A França vai exigir que todos os grandes parques de estacionamento sejam cobertos por painéis solares. A legislação aprovada pelo Senado aplicar-se-á a parques de estacionamento existentes e novos com espaço para pelo menos 80 veículos. Os proprietários de parques de estacionamento com entre 80 e 400 lugares têm cinco anos para cumprir as medidas, enquanto os operadores daqueles com mais de 400 terão apenas três anos. Alex Lawson, The Guardian.
  • A corrida global ao gás no quadro da guerra da Ucrânia acelerará o colapso climático e poderá levar a temperaturas muito superiores ao limite de segurança de 1,5C. Se todos os novos projetos de gás anunciados como resposta à crise global de fornecimento de gás forem cumpridos, as emissões de gases com efeito de estufa resultantes somariam cerca de 10% da quantidade total de dióxido de carbono que pode ser emitido com segurança até 2050. Fiona Harvey, The Guardian.
  • Angola isentou a Cabinda Gulf Oil Company, subsidiária angolana da Chevron, do cumprimento de políticas ambientais, permitindo-lhe despejar toneladas de resíduos perigosos de crude diretamente nos baixios junto à costa de Cabinda, contrariando a politica de “descarga zero” assumida pelo país desde 2014. A Chevron explora o petróleo desta região desde 1954, e construiu uma base operacional fortemente armada, de acordo com os padrões norte-americanos. No exterior, porém, há poucos indícios dos milhares de milhões de petrodólares gerados pela riqueza petrolífera de Cabinda. As populações nativas permanecem mergulhadas na pobreza, sujeitas às ameaças de instabilidade político-militar com a insurreição armada por parte dos movimentos de guerrilha, como aconteceu com a FLEC no passado. Ao longo dos anos os habitantes de Cabinda não param de denunciar situações de violação dos direitos humanos. Maka Angola.
  • John Kerry, o enviado americano à COP27, anunciou um novo plano para obter financiamento climático para os países em desenvolvimento, através da venda de créditos de carbono a empresas que queiram compensar as suas emissões. Esta proposta, apresentada como "Energy Transition Accelerator", atraiu imediatamente críticas.  Rachel Kyte, co-presidente da Iniciativa Voluntária para a Integridade dos Mercados de Carbono, disse que o plano é uma "distração colossal". "Não se pode descartar de um momento para o outro as regras do mercado de crédito de carbono que deram tanto trabalho a consguir”, acresccentou. Um editorial da Associated Press disse: "Quando se trata de ajudar as nações pobres a lidar com as alterações climáticas, o governo dos EUA deixa a sua carteira em casa e espera que o seu amigo, o grande capital, possa ajudar a pagar a conta". Muitos no Egipto responderam ao anúncio de Kerry com algum cepticismo, dizendo que as empresas americanas deveriam concentrar-se em cortar a sua própria poluição de carbono antes de pagarem pelos cortes de emissões no mundo em desenvolvimento. O anúncio vem também um dia depois de a ONU ter divulgado um relatório de peritos sobre os compromissos de carbono zero, que advertia que tais compromissos representam o risco de serem pouco mais do que "lavagem verde" se não forem apoiados por planos robustos. A capacidade de reclamar a redução de emissões através de compensações pode permitir às empresas evitarem reduzir a sua própria produção de carbono", dizia o relatório. Fontes: CNN, FT, AP, e WP.
  • Empresário norte-americano vende discurso ambiental, mas lucra com terras públicas e gera conflitos entre ribeirinhos no Pará. Estudo revela que áreas públicas na cidade de Portel têm sido usadas para vender créditos de carbono para gigantes estrangeiras. Felipe Sabrina, TheIntercept.
  • Já é possível acompanhar as emissões de praticamente todas as fontes de gases de efeito estufa em praticamente todo o mundo: a Climate Trace  lançou os seus dados relativos aos últimos quatro anos de cada empresa emissora, da geração elétrica e de calor até cada lixeira ou aterro sanitário.  Além de colocar uma lupa em todas as atividades emissoras, os dados permitem melhorar a qualidade dos relatórios do chamado Escopo 3, as emissões associadas à cadeia de valor das empresas. Uma empresa que compra aço de uma grande siderúrgica, agora pode saber da emissão embutida em cada tonelada do produto. Mais que reportar corretamente, a empresa, agora, tem possibilidade de comprar de um fornecedor menos poluente. ClimaInfo.

  • Fez ontem 27 anos que foram executados 9 ativistas nigerianos que se opunham à gigante petrolífera Shell. As suas famílias consideram a Shell responsável pela sua execução pela ditadura militar da Nigéria, que grupos de direitos humanos apelidaaram de "julgamento falso". Os 9 Ogoni eram liderados pelo escritor e artista Kenule "Ken" Saro-Wiwa que organizou centenas de milhares de pessoas numa resistência não violenta contra a exploração pela Shell do povo Ogoni que vivia nos campos petrolíferos. Exigiam a redistribuição da riqueza petrolífera, autonomia para o povo Ogoni, e condições mais limpas e humanas. Por este "crime", a resistência foi brutalmente reprimida e os 9 Ogonis enforcados. "O escritor não pode ser um mero contador de estórias; não pode ser um mero professor; não pode ser um mero raio-x das fraquezas da sociedade, dos seus males, dos seus perigos. Ele ou ela deve estar ativamente envolvido na formação do seu presente e do seu futuro", disse Ken Saro-Wiwa.

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