Air France cancela operação de lavagem verde
- Tratava-se
de uma campanha de venda de bilhetes segundo a qual, pagando mais 4%, os
passageiros iriam ajudar a plantar árvores suficientes para absorver o CO2 emitido
pelo voo. O cancelamento ocorreu graças
à mobilização do coletivo Pensons l'aéronautique pour demain. Reporterre.
- A França vai exigir que todos os grandes parques de
estacionamento sejam cobertos por painéis solares. A legislação aprovada pelo Senado aplicar-se-á a parques
de estacionamento existentes e novos com espaço para pelo menos 80 veículos. Os
proprietários de parques de estacionamento com entre 80 e 400 lugares têm cinco
anos para cumprir as medidas, enquanto os operadores daqueles com mais de 400
terão apenas três anos. Alex Lawson, The Guardian.
- A corrida global ao gás no quadro da guerra da Ucrânia
acelerará o colapso climático e poderá levar a temperaturas muito superiores ao
limite de segurança de 1,5C. Se todos os novos projetos de gás anunciados como
resposta à crise global de fornecimento de gás forem cumpridos, as emissões de
gases com efeito de estufa resultantes somariam cerca de 10% da quantidade
total de dióxido de carbono que pode ser emitido com segurança até 2050. Fiona Harvey,
The Guardian.
- Angola isentou a Cabinda Gulf Oil Company, subsidiária angolana
da Chevron, do cumprimento de políticas ambientais, permitindo-lhe despejar toneladas
de resíduos perigosos de crude diretamente nos baixios junto à costa de Cabinda,
contrariando a politica de “descarga zero” assumida pelo país desde 2014. A
Chevron explora o petróleo desta região desde 1954, e construiu uma base
operacional fortemente armada, de acordo com os padrões norte-americanos. No
exterior, porém, há poucos indícios dos milhares de milhões de petrodólares
gerados pela riqueza petrolífera de Cabinda. As populações nativas permanecem
mergulhadas na pobreza, sujeitas às ameaças de instabilidade político-militar
com a insurreição armada por parte dos movimentos de guerrilha, como aconteceu
com a FLEC no passado. Ao longo dos anos os habitantes de Cabinda não param de
denunciar situações de violação dos direitos humanos. Maka Angola.
- John Kerry, o enviado americano à COP27, anunciou um novo
plano para obter financiamento climático para os países em desenvolvimento,
através da venda de créditos de carbono a empresas que queiram compensar as
suas emissões. Esta proposta, apresentada como "Energy Transition
Accelerator", atraiu imediatamente críticas. Rachel Kyte, co-presidente da Iniciativa
Voluntária para a Integridade dos Mercados de Carbono, disse que o plano é uma
"distração colossal". "Não se pode descartar de um momento para
o outro as regras do mercado de crédito de carbono que deram tanto trabalho a
consguir”, acresccentou. Um editorial da Associated Press disse: "Quando
se trata de ajudar as nações pobres a lidar com as alterações climáticas, o
governo dos EUA deixa a sua carteira em casa e espera que o seu amigo, o grande
capital, possa ajudar a pagar a conta". Muitos no Egipto responderam ao
anúncio de Kerry com algum cepticismo, dizendo que as empresas americanas
deveriam concentrar-se em cortar a sua própria poluição de carbono antes de
pagarem pelos cortes de emissões no mundo em desenvolvimento. O anúncio vem
também um dia depois de a ONU ter divulgado um relatório de peritos sobre os
compromissos de carbono zero, que advertia que tais compromissos representam o
risco de serem pouco mais do que "lavagem verde" se não forem
apoiados por planos robustos. A capacidade de reclamar a redução de emissões
através de compensações pode permitir às empresas evitarem reduzir a sua
própria produção de carbono", dizia o relatório. Fontes: CNN, FT, AP, e WP.
- Empresário norte-americano vende discurso ambiental, mas lucra
com terras públicas e gera conflitos entre ribeirinhos no Pará. Estudo revela
que áreas públicas na cidade de Portel têm sido usadas para vender créditos de
carbono para gigantes estrangeiras. Felipe Sabrina, TheIntercept.
- Já é possível acompanhar as emissões de praticamente
todas as fontes de gases de efeito estufa em praticamente todo o mundo: a Climate Trace lançou os seus dados relativos aos últimos quatro anos de
cada empresa emissora, da geração elétrica e de calor até cada lixeira ou
aterro sanitário. Além de colocar uma lupa em todas as atividades
emissoras, os dados permitem melhorar a qualidade dos relatórios do chamado
Escopo 3, as emissões associadas à cadeia de valor das empresas. Uma empresa que compra aço de uma grande siderúrgica,
agora pode saber da emissão embutida em cada tonelada do produto. Mais que
reportar corretamente, a empresa, agora, tem possibilidade de comprar de um
fornecedor menos poluente. ClimaInfo.
- Fez ontem 27
anos que foram executados 9 ativistas nigerianos que se opunham à gigante
petrolífera Shell. As suas famílias consideram a Shell responsável pela sua
execução pela ditadura militar da Nigéria, que grupos de direitos humanos apelidaaram
de "julgamento falso". Os 9 Ogoni eram liderados pelo escritor e
artista Kenule "Ken" Saro-Wiwa que organizou centenas de milhares de
pessoas numa resistência não violenta contra a exploração pela Shell do povo
Ogoni que vivia nos campos petrolíferos. Exigiam a redistribuição da riqueza
petrolífera, autonomia para o povo Ogoni, e condições mais limpas e humanas.
Por este "crime", a resistência foi brutalmente reprimida e os 9
Ogonis enforcados. "O escritor não pode ser um mero contador de estórias;
não pode ser um mero professor; não pode ser um mero raio-x das fraquezas da
sociedade, dos seus males, dos seus perigos. Ele ou ela deve estar ativamente
envolvido na formação do seu presente e do seu futuro", disse Ken
Saro-Wiwa.
Sem comentários:
Enviar um comentário