quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Bico calado

  • Há 32 anos, em 4 de setembro de 1990, funcionários da Prefeitura de São Paulo encontravam, no Cemitério de Perus, uma vala clandestina com 1.049 ossadas de presos políticos e cidadãos comuns assassinados pela ditadura militar brasileira. Pensar a História.
  • Em 1959, centenas de operários da construção de Brasília são fuzilados no alojamento enquanto dormiam. Caminhões levaram os corpos para local desconhecido, e o massacre foi apagado na história do Brasil. Retirantes, que ficaram conhecidos como candangos, chegam e formam filas para trabalhar na construção da nova capital, em janeiro de 1959. A origem do massacre foi uma reclamação dos operários pela comida estragada que era servida nos refeitórios da Construtora Pacheco Fernandes. Em represália, a GEB (Guarda Especial de Brasília), milícia criada para proteger os canteiros de obras, invade o dormitório da Construtora e abre fogo contra os operários que dormiam. Como havia resistência política à ideia de mudar a capital, um massacre, se viesse à tona, traria graves prejuízos aos planos do Governo. Não houve repercussão na imprensa. Assistam o documentário"Conterrâneos Velhos de Guerra" (1992), que tem no YouTube e conta toda essa história, e outras mais, também terríveis, sempre na perspectiva dos trabalhadores de Brasília. Fonte.
  • A exigência de declarar uma relação com um(a) palestiniano(a) como requisito de entrada na Cisjordânia foi abandonada por Israel perante reação negativa a nível global. RT.
  • Os militares norte-americanos estabeleceram uma terceira base militar na Síria a 3 de setembro. Acontece que é aqui que se situam as reservas de petróleo e do trigo da Síria. O país acusa os ocupantes americanos de terem roubado 107 mil milhões de dólares dos seus recursos naturais. The Cradle.
  • «(…) como é que um povo pôde viver mais de dois séculos sem uma informação de qualidade? E sobretudo sem uma informação suficientemente difundida por entre a população? Três primeiras explicações saltam aos olhos: a alta e duradoira taxa de analfabetismo, alargada a uma instrução reduzida e manifestamente deficiente; um poder de compra que também ele foi durante longos decénios reduzido, fazendo desde logo dos jornais e dos recetores de rádio e de televisão produtos de luxo; um clima político repressivo em diversas fases da história, impedindo a afirmação de uma prática jornalística livre e de uma informação de qualidade. Mas estas explicações liminares não respondem a outra interrogação: como é que, globalmente, ao longo destes mais de dois séculos, os meios dirigentes deste país não sentiram a necessidade de dispor de uma informação de qualidade, abundante e plural para melhor exercerem as suas próprias funções de direção? Interrogação tanto mais pertinente que, até aos anos 1990, grosso modo, o acesso a média estrangeiros foi bastante difícil e limitado. Resta-nos uma explicação particularmente desagradável: os meios dirigentes deste país foram-se concentrando ao longo dos séculos na “capital do império”, onde círculos de poder diversos se foram habituando a reinar sem prestar contas ao resto do país. E pior do que isso: interiorizaram um modelo de governação que não só ignora largamente a população, como prefere mantê-la longe dos corredores do poder, das suas manobras, negociações e decisões. O que explica o desinteresse profundo dos meios dirigentes em relação à situação de subdesenvolvimento atroz dos média em Portugal e da preocupante insuficiência da informação que praticam. E o constante desinteresse dos meios governamentais que se têm sucedido no poder da atual Segunda República é terrivelmente significativo disso. (…) Tal escassez de meios financeiros, técnicos e humanos, aliada a formações académico-profissionais muito discutíveis, faz que os jornais sejam muitas vezes meros canais amplificadores do que foi produzido pelas assessorias mais diversas (ministérios, partidos, ordens, sindicatos, corporações, polícias, bombeiros, autarquia, quantas vezes sem que a mais elementar distância, a desejável verificação e o salutar sentido crítico tenham sido exercidos (…) Um conjunto de conteúdos ou perspetivas de conteúdos acolhido como maná por redações e que as leva a produzir jornais exageradamente monotemáticos-folhetinescos (covid, fogos, Ucrânia, urgências hospitalares…). J.-M. Nobre-Correia, Notas de Circunstância2.
  • O vandalismo de um cenotáfio num cemitério ucraniano em Oakville, Ontário, dedicado aos veteranos das Waffen-SS, tornou-se notícia internacional a 17 de julho depois do cidadão de o Ottawa Citizen ter reportado que a polícia estava a investigar o graffiti anti-Nazi como uma "ofensa motivada pelo ódio". Muitos ficaram chocados ao saber da existência do memorial, mas este nem sequer é o memorial mais antigo naquele cemitério que glorifica os colaboradores nazis. O Canadá é provavelmente o único país da América do Norte, se não do hemisfério ocidental, com monumentos dedicados aos veteranos das Waffen-SS. Passage.
  • A Grécia vai prolongar em 140 Kms uma vedação de cimento e arame farpado de 40 Kms ao longo da sua fronteira com o norte da Turquia para impedir a entrada de migrantes no país. EurActiv.
  • Um em cada quatro juízes acredita que há magistrados corruptos, revela relatório. SIC.

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