Bico calado
- Há 32 anos, em 4 de setembro de 1990, funcionários da
Prefeitura de São Paulo encontravam, no Cemitério de Perus, uma vala
clandestina com 1.049 ossadas de presos políticos e cidadãos comuns
assassinados pela ditadura militar brasileira. Pensar a História.
- Em 1959, centenas de operários da construção de Brasília
são fuzilados no alojamento enquanto dormiam. Caminhões levaram os corpos para
local desconhecido, e o massacre foi apagado na história do Brasil. Retirantes,
que ficaram conhecidos como candangos, chegam e formam filas para trabalhar na
construção da nova capital, em janeiro de 1959. A origem do massacre foi uma
reclamação dos operários pela comida estragada que era servida nos refeitórios
da Construtora Pacheco Fernandes. Em represália, a GEB (Guarda Especial de Brasília),
milícia criada para proteger os canteiros de obras, invade o dormitório da
Construtora e abre fogo contra os operários que dormiam. Como havia resistência política à ideia de mudar a
capital, um massacre, se viesse à tona, traria graves prejuízos aos planos do
Governo. Não houve repercussão na imprensa. Assistam o documentário"Conterrâneos Velhos de
Guerra" (1992), que tem no YouTube e conta toda essa história, e outras
mais, também terríveis, sempre na perspectiva dos trabalhadores de Brasília. Fonte.
- A exigência de declarar uma relação com um(a)
palestiniano(a) como requisito de entrada na Cisjordânia foi abandonada por
Israel perante reação negativa a nível global. RT.
- Os militares norte-americanos estabeleceram uma terceira
base militar na Síria a 3 de setembro. Acontece que é aqui que se situam as reservas de petróleo
e do trigo da Síria. O país acusa os ocupantes americanos de terem roubado 107
mil milhões de dólares dos seus recursos naturais. The Cradle.
- «(…) como é que um povo pôde viver mais de dois séculos
sem uma informação de qualidade? E sobretudo sem uma informação suficientemente
difundida por entre a população? Três primeiras explicações saltam aos olhos: a
alta e duradoira taxa de analfabetismo, alargada a uma instrução reduzida e
manifestamente deficiente; um poder de compra que também ele foi durante longos
decénios reduzido, fazendo desde logo dos jornais e dos recetores de rádio e de
televisão produtos de luxo; um clima político repressivo em diversas fases da
história, impedindo a afirmação de uma prática jornalística livre e de uma
informação de qualidade. Mas estas explicações liminares não respondem a outra
interrogação: como é que, globalmente, ao longo destes mais de dois séculos, os
meios dirigentes deste país não sentiram a necessidade de dispor de uma
informação de qualidade, abundante e plural para melhor exercerem as suas
próprias funções de direção? Interrogação tanto mais pertinente que, até aos
anos 1990, grosso modo, o acesso a média estrangeiros foi bastante difícil
e limitado. Resta-nos uma explicação particularmente desagradável: os
meios dirigentes deste país foram-se concentrando ao longo dos séculos na “capital
do império”, onde círculos de poder diversos se foram habituando a reinar sem
prestar contas ao resto do país. E pior do que isso: interiorizaram um modelo
de governação que não só ignora largamente a população, como prefere mantê-la
longe dos corredores do poder, das suas manobras, negociações e decisões. O que
explica o desinteresse profundo dos meios dirigentes em relação à situação de
subdesenvolvimento atroz dos média em Portugal e da preocupante insuficiência
da informação que praticam. E o constante desinteresse dos meios governamentais
que se têm sucedido no poder da atual Segunda República é
terrivelmente significativo disso. (…) Tal escassez de meios financeiros,
técnicos e humanos, aliada a formações académico-profissionais muito
discutíveis, faz que os jornais sejam muitas vezes meros canais amplificadores
do que foi produzido pelas assessorias mais diversas (ministérios, partidos,
ordens, sindicatos, corporações, polícias, bombeiros, autarquia, quantas
vezes sem que a mais elementar distância, a desejável verificação e o salutar
sentido crítico tenham sido exercidos (…) Um conjunto de conteúdos ou
perspetivas de conteúdos acolhido como maná por redações e que as leva a
produzir jornais exageradamente monotemáticos-folhetinescos (covid, fogos,
Ucrânia, urgências hospitalares…). J.-M. Nobre-Correia, Notas de Circunstância2.
- O vandalismo de um cenotáfio num cemitério ucraniano em Oakville,
Ontário, dedicado aos veteranos das Waffen-SS, tornou-se notícia internacional
a 17 de julho depois do cidadão de o Ottawa Citizen ter reportado que a polícia
estava a investigar o graffiti anti-Nazi como uma "ofensa motivada pelo
ódio". Muitos ficaram chocados ao saber da existência do
memorial, mas este nem sequer é o memorial mais antigo naquele cemitério que
glorifica os colaboradores nazis. O Canadá é provavelmente o único país da
América do Norte, se não do hemisfério ocidental, com monumentos dedicados aos
veteranos das Waffen-SS. Passage.
- A Grécia vai prolongar em 140 Kms uma vedação de cimento
e arame farpado de 40 Kms ao longo da sua fronteira com o norte da Turquia para
impedir a entrada de migrantes no país. EurActiv.
- Um em cada quatro juízes acredita que há magistrados
corruptos, revela relatório. SIC.
Sem comentários:
Enviar um comentário