A posição da União Europeia sobre o gás tem sido
esquizofrénica há já algum tempo, aparentemente motivada mais pelas
considerações geopolíticas e geoeconómicas da Europa do que pelas preocupações
com o clima. Passou de uma postura evangelista de que o gás "não tem
futuro viável" para "excepções pragmáticas", considerando o gás
como um combustível de transição. De facto, desde a guerra na Ucrânia, a UE até
recuou na sua linha dura sobre o carvão.
A guerra na Ucrânia não só expôs ainda mais as fraturas
dos compromissos climáticos da UE, como também pôs a nu a sua hipocrisia em
matéria de política externa. Enquanto os líderes africanos apelam sem êxito à
clemência nas sanções que excluem os bancos russos dos sistemas de pagamento
internacionais (SWIFT), que permitem o pagamento das importações de cereais e
fertilizantes, a UE fez uma notável excepção para as importações de gás:
permitiu flexibilidade nas importações de petróleo russo pelos estados membros
da UE, principalmente na Europa de Leste, para lhes permitir reduzir o choque
de uma súbita suspensão das importações.
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