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sábado, 16 de julho de 2022

Ou se pára com o eucalipto ou...

«(…) Quando foi Pedrógão e pouco depois Monchique [o meu pai] disse-me, e publico-o com a sua autorização, "em breve podem começar a arder cidades, Coimbra, Viseu, entre outras estão em risco, não vão ser só aldeias". Porque, explica, é cada vez maior o abandono agrícola e a mancha de eucalipto. Ou se pára com o eucalipto e se faz políticas agrícolas de fixação de culturas sustentáveis, que servem de barreiras naturais à progressão dos fogos, ou todos nós estamos em risco. É o que ele e uma dúzia de grandes técnicos que este país teve (e tem, sem serem ouvidos) defendem. Regou-se o país com gasolina - abandono agrícola mais eucalipto. Hoje abri a TV e vejo Almancil, Palmela, o inferno na terra. As cidades rodeadas pelo fogo. Até quando vamos acusar o tempo quente e natureza pelos erros humanos económicos? Escrevi isto em 2017: "Ribeiro Teles, Gomes Guerreiro, Azevedo Gomes, Maria Carolina Varela, Eugénio Sequeira, Jorge Paiva, Fernando Varela, Fernando Henriques (que foi para o MIT), Tito Costa. Fazem parte dos defensores das florestas em Portugal, do campo, de uma economia para as pessoas, que foram proscritos pelas celuloses, foram, como disse Jorge Paiva no Público, ‘vilipendiados, cilindrados’ por defenderem os serviços florestais que antes de serem extintos já estavam destruídos pelo velho método – arrasar com o mérito ou transferi-lo para o sector privado. É isto que se passa com a gestão das florestas, dizem eles que sabem.” Há uma vaga no país, que dura há 40 anos, que surfa negócios e mediocridade política, leva-nos ano após ano ao inferno.» 

Raquel Varela, Há uma vaga no país.

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