quinta-feira, 7 de julho de 2022

Bico calado

  • «Não se queixe, o caos do aeroporto é o sucesso do mercado. Despedimentos massivos eram boa gestão e os estados pagaram a conta. Depois das restrições da pandemia, as empresas fizeram o cálculo: mais serviço com menos gente. O caos nos aeroportos é a prova do pudim, o mercado funciona assim. (…)» Francisco Louçã.
  • «(…) Pelos critérios que têm prevalecido na fila de políticos, jornalistas e comentadores portugueses, de direita e de esquerda, que todos os dias passam pela televisão a tentar vencer no campeonato da corrida armamentista, do belicismo pro-NATO, da russofobia, da intolerância, da teoria da conspiração, da censura às notícias de guerra, da desumanidade disfarçada de caridade pelo povo ucraniano, este Papa, apesar de criticar a invasão russa, é, como todos os que procuram abrir um caminho que leve à paz, um putinista.» Pedro Tadeu, O Papa é putinista? - DN 6jul2022.
  • «Todos os impérios terminam em ignomínia. O Reino Unido está a chegar ao fim, não com um estrondo, mas com um peido. (...) Muito se tem escrito nos principais media sobre a mentira e imoralidade pessoal de Boris Johnson, mas há muito pouco esforço sério para compreender porque é que tantos na sociedade foram preparados para tolerar isto. A resposta é que o neoliberalismo conseguiu destruir os valores sociais, a ponto de o comportamento anti-social e mesmo sociopático já não parecer estranho. (...) Johnson é apenas uma parte de um processo. À medida que o poder de um império se desintegra, os seus costumes também se desintegram. Desde a segunda guerra mundial, mais de sessenta Estados tornaram-se independentes do domínio britânico. (...) À medida que o poder militar, económico e político do Reino Unido se desmoronou, os seus costumes políticos também desmoronaram. Johnson é apenas um cagalhão vomitado para cima do esgoto que jorra do declínio britânico. (…) Será necessária a ruptura do Reino Unido para abalar a grande nostalgia do poder e o patriotismo tolo que subjaz a tanto apoio dos Conservadores. (…) Apenas o choque do encerramento formal do Estado britânico precipitará a mudança psicológica necessária para que a Inglaterra se torne um Estado europeu moderno, virado para o futuro, de posição intermédia e preocupado com a justiça nacional e internacional. O Reino Unido tem estado em tumulto sociopolítico desde 2016 e está agora a entrar numa profunda crise económica. Os próximos dias são o fim do Reino Unido. Alegrai-vos!» Craig Murray, The Death of the British Imperial State.
  • «Carla Del Ponte manteve o lugar até ao final de 2007, saindo para se tornar a embaixadora suíça na Argentina, estando na altura a escrever um livro sobre o seu tempo no Tribunal, 'A caça: Eu e os Criminosos de Guerra’. O livro provocou grande escândalo na Europa, pois revelava como o Exército do Kosovo (KLA) raptou centenas de sérvios em 1999, e levou-os para os correlegionários muçulmanos do Kosovo na Albânia, onde foram mortos para retirar os seus rins e outros órgãos para depois os venderem para transplante noutros países. Muitos anos antes e depois, o KLA tem vindo a desenvolver outras atividades encantadoras, como tráfico pesado de drogas, tráfico de mulheres, vários atos de terrorismo, e a levar a cabo limpezas étnicas de sérvios que tiveram a má sorte de estar no Kosovo por ser a sua casa há muito tempo. (...) O KLA fez parte da lista de terroristas até que os Estados Unidos decidiram torná-los aliados, em parte devido à existência de uma importante base militar americana no Kosovo, o Campo Bondsteel. (É notável, não é, como surgem estas bases americanas em todo o mundo?) Em novembro de 2005, após uma visita ao local, Alvaro Gil-Robles, o enviado para os direitos humanos do Conselho da Europa, descreveu o campo como uma "versão mais pequena de Guantánamo". A 17 de fevereiro de 2008, num movimento de legalidade internacional altamente questionável, o KLA declarou a independência do Kosovo da Sérvia. No dia seguinte, os Estados Unidos reconheceram esta nova "nação", afirmando assim a declaração unilateral de independência de uma parte do território de outro país. O novo país tem como primeiro-ministro um cavalheiro chamado Hashim Thaci, descrito no livro de Del Ponte como o cérebro por detrás dos raptos de sérvios e da venda dos seus órgãos. O novo Estado gangster do Kosovo é apoiado por Washington e outras potências ocidentais que não podem perdoar a Sérvia-Yugoslávia-Milosevic por não quererem abraçar apaixonadamente o triunvirato OTAN/EUA/União Europeia (…). O Estado independente do Kosovo é considerado fidedignamente pró-Oeste, um Estado que servirá como posto avançado militarizado para o triunvirato». William Blum, America’s deadliest export – Zed Books 2014, pp 159-160

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