quarta-feira, 13 de julho de 2022

Bico calado

  • «(…) António Costa já fez a sua opção: como na pandemia correu bem a estratégia de disparar para todo o lado quando estava entalado, para demonstrar que se fez tudo o que era possível, e quando corria mal responsabilizavam-se os malandros que não cumpriam regras e faziam coisas horriveis como celebrar o Natal, o melhor é adoptar o mesmo procedimento neste caso. Já ninguém tem a menor preocupação com a defesa da floresta contra os incêndios, já toda a gente está alinhada com a estratégia da defesa contra os incêndios da floresta, e António Costa pode agora dedicar-se à defesa da sua reputação política contra eventuais problemas causados pelo fogo. Não é natural que seja este ano que aconteça um novo Pedrogão porque há muita área ardida recentemente, e são precisos 12 a 15 anos para que o risco esteja perto do máximo, mas se por acaso acontecer, António Costa já tem a resposta engatilhada: as pessoas foram irresponsáveis e não seguiram as indicações das autoridades. (…)» Henrique Pereira dos Santos, Da responsabilidade CortaFitas. Durante cerca de meia hora António Costa massacrou os jornalistas repetindo 12 vezes a mesma reposta perante outras tantas perguntas sempre iguais. Apesar disso, uma pivô embrulhou a conferência de imprensa repetindo três vezes a referência a dois festivais de música. Irra, que esta gente nem sequer faz um esforço para disfarçar o frete que está a fazer ao negócio das bebidas e do espetáculo.
  • Afinal a Ucrânia também tem oligarcas. Com uma fortuna calculada em 4.2 mil milhões de dólares, Rinat Akhmetov é dono de um império mediático de 10 canais de TV e jornais, para além de imensos negócios nos setores do aço, energia, carvão e metalurgia. É ainda presidente, desde 1996, do clube de futebol Shakhtar Donetsk. O regime de Zelensky tomou agora conta do seu império mediático. EurActiv. Agora sim, está garantido o rigor, a objetividade absoluta nas notícias sobre a guerra.

Peter Oborne arrasa o legado de Boris Johnson. Fonte.

  • 43 hospitais australianos são agora controlados a partir das ilhas Caimão graças à aquisição do Healthscope pela Brookfield. Os lares de idosos da Aveo foram para as Bermudas. Agora, graças à Hesta, a aquisição da Ramsay Health pela KKR, no valor de 20 mil milhões de dólares, pode levar mais 70 hospitais para um paraíso fiscal. Os abutres privados KKR vão apresentar uma oferta pública de aquisição de 20 mil milhões de dólares para o maior grupo privado de saúde da Austrália, Ramsay Health Care, que poderá ver a maior parte do sistema de saúde privado da Austrália ser controlado a partir de paraísos fiscais.

  • «(...) os Estados Unidos têm uma obrigação moral porque muitos dos imigrantes estão a fugir de situações nas suas pátrias tornadas desesperadas pelas intervenções e políticas americanas desde a Segunda Guerra Mundial. Na Guatemala e na Nicarágua, Washington derrubou governos progressistas que estavam sinceramente empenhados na luta contra a pobreza. Em El Salvador, os EUA desempenharam um papel importante na repressão de um movimento que se esforçava por instalar tal governo, e, em menor escala, desempenharam papel semelhante nas Honduras. E no México, embora Washington não tenha intervindo militarmente desde 1919, ao longo dos anos os EUA têm vindo a fornecer formação, armas e tecnologia de vigilância à polícia e às forças armadas mexicanas para melhorar a sua capacidade de suprimir as aspirações do seu próprio povo, como em Chiapas, o que tem contribuído para o influxo dos pobres para os Estados Unidos. Além disso, o Acordo de Comércio Livre Norte-Americano (NAFTA) trouxe uma avalanche de produtos agrícolas americanos baratos e subsidiados para o México e expulsou muitos agricultores mexicanos das suas terras. O resultado final de todas estas políticas tem sido um exército de migrantes que se dirigem para norte em busca de uma vida melhor. Não é que eles prefiram viver nos Estados Unidos. Preferem muito mais permanecer com as suas famílias e amigos, ser capazes de falar a sua língua materna em qualquer altura, e evitar as dificuldades que lhes são impostas pela polícia americana e pela direita.» William Blum, America’s deadliest export – Zed Books 2014, p 185.

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