Bico calado
- «Em pleno dia 10 de Junho a sequência das notícias fala
por si. Marcelo vai a Inglaterra, elogiar a “arraia miúda”, fala da aliança
Portugal-Inglaterra (uma dependência, nunca foi “aliança”), a seguir condecora
um enfermeiro imigrado, que obviamente fugiu dos baixos salários e más
condições de carreira, e logo a seguir – na mesma sequência de noticiário –
temos as urgências de obstetrícia fechadas, numa semana em que se suspeita da
morte de um bebé, por eventual ausência de cuidados de saúde. Um país a saque.
Em que a burguesia sente orgulho do desastre, vendem o país, expulsam
trabalhadores, condecoram-nos e ainda, da casa-mãe Inglesa, se chama ao povo
“querida petinga”, com um ar de complacência com o povo. Só perderam de facto
esse ar em 74-75, esta burguesia dependente e súbdita, quando tiveram medo e o
povo deixou de ser um emblema na lapela e ganhou direitos. No ano em que as misericórdias foram expropriadas, e os
médicos ocuparam (literalmente) hospitais, os colocaram sob gestão democrática,
e ergueram as carreiras médicas, que permitiram construir um SNS. Esse passado
assustador para as elites que têm médicos privados 24 horas por dia, passado
que convém embrulhar na noção de “caos”, e oferecer um eterno presente de
discursos extravagantes e elogios ao 25 de Novembro. Nem um pingo de noção
histórica, e nem um pingo de decoro sobra.» Raquel Varela.
- O Reino Unido foi obrigado a cancelar um voo de
deportação de refugiados para o Ruanda graças a uma decisão de última hora do
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. France24. O governo britânico não gostou, diz que está já a preparar o próximo e Boris Johnson sugere que o Reino Unido pode deixar de fazer parte daquela instância. Esquerda.
- Israel considera o Nakba uma mentira. Então porque é que
os seus líderes ameaçam uma segunda? Enquanto Israel denuncia os palestinianos e os seus
apoiantes como mentirosos por falarem do Nakba, os seus próprios funcionários
citam publicamente o Nakba como um acontecimento real que pode ser repetido se
os palestinianos não se submeterem completamente. Jonathan Cook, MEE.
- «O panorama dos media corporativos saturou os nossos
noticiários com imagens de aliados da OTAN como super-heróis, protagonistas da
ficção científica e da fantasia, e ícones da cultura pop. Os inimigos da OTAN
são vilipendiados como sendo os principais antagonistas dos grandes heróis. As
massas endoutrinadas não podem, portanto, livrar-se de ver as guerras que o seu
país começou como um jogo em que apenas se torce pela equipa certa. Distanciar
as guerras das realidades geopolíticas e compará-las a personagens de desenhos
animados e estórias infantis produz uma realidade em que a moralidade é
indiscutível e são sempre os bons da fita que têm de vencer. Apenas nos últimos
dois meses, uma explosão de tais imagens definiu o discurso liberal e ofuscou
as terríveis realidades do conflito prevenível e instigado pela OTAN na
Ucrânia.» Fonte.
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