quinta-feira, 16 de junho de 2022

Bico calado

  • «Em pleno dia 10 de Junho a sequência das notícias fala por si. Marcelo vai a Inglaterra, elogiar a “arraia miúda”, fala da aliança Portugal-Inglaterra (uma dependência, nunca foi “aliança”), a seguir condecora um enfermeiro imigrado, que obviamente fugiu dos baixos salários e más condições de carreira, e logo a seguir – na mesma sequência de noticiário – temos as urgências de obstetrícia fechadas, numa semana em que se suspeita da morte de um bebé, por eventual ausência de cuidados de saúde. Um país a saque. Em que a burguesia sente orgulho do desastre, vendem o país, expulsam trabalhadores, condecoram-nos e ainda, da casa-mãe Inglesa, se chama ao povo “querida petinga”, com um ar de complacência com o povo. Só perderam de facto esse ar em 74-75, esta burguesia dependente e súbdita, quando tiveram medo e o povo deixou de ser um emblema na lapela e ganhou direitos. No ano em que as misericórdias foram expropriadas, e os médicos ocuparam (literalmente) hospitais, os colocaram sob gestão democrática, e ergueram as carreiras médicas, que permitiram construir um SNS. Esse passado assustador para as elites que têm médicos privados 24 horas por dia, passado que convém embrulhar na noção de “caos”, e oferecer um eterno presente de discursos extravagantes e elogios ao 25 de Novembro. Nem um pingo de noção histórica, e nem um pingo de decoro sobra.» Raquel Varela.
  • O Reino Unido foi obrigado a cancelar um voo de deportação de refugiados para o Ruanda graças a uma decisão de última hora do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. France24. O governo britânico não gostou, diz que está já a preparar o próximo e Boris Johnson sugere que o Reino Unido pode deixar de fazer parte daquela instância. Esquerda.
  • Israel considera o Nakba uma mentira. Então porque é que os seus líderes ameaçam uma segunda? Enquanto Israel denuncia os palestinianos e os seus apoiantes como mentirosos por falarem do Nakba, os seus próprios funcionários citam publicamente o Nakba como um acontecimento real que pode ser repetido se os palestinianos não se submeterem completamente. Jonathan Cook, MEE.
  • «O panorama dos media corporativos saturou os nossos noticiários com imagens de aliados da OTAN como super-heróis, protagonistas da ficção científica e da fantasia, e ícones da cultura pop. Os inimigos da OTAN são vilipendiados como sendo os principais antagonistas dos grandes heróis. As massas endoutrinadas não podem, portanto, livrar-se de ver as guerras que o seu país começou como um jogo em que apenas se torce pela equipa certa. Distanciar as guerras das realidades geopolíticas e compará-las a personagens de desenhos animados e estórias infantis produz uma realidade em que a moralidade é indiscutível e são sempre os bons da fita que têm de vencer. Apenas nos últimos dois meses, uma explosão de tais imagens definiu o discurso liberal e ofuscou as terríveis realidades do conflito prevenível e instigado pela OTAN na Ucrânia.» Fonte.

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