'Hei, então não se investiga este assassinato?'
'Não há tempo para investigações. Tenho funerais para atacar!'
- «Quero juntar-me ao, infelizmente, pequeno coro de revoltados pelo assassinato da jornalista palestiniana Shireen Abu Akleh. Quero indignar-me, unido aos poucos que me acompanham nessa revolta, com a carga policial sobre o cortejo fúnebre da também cidadã norte-americana Shireen Abu Akleh. Quero aplaudir, com os raros que não discriminam as vítimas mortais conforme a nacionalidade e a política dos agressores, as pessoas que seguraram o caixão de Shireen Abu Akleh e, enquanto recebiam bastonadas, tentaram tudo para o segurar, tenazes, da queda no chão. (…) Quero denunciar, com a rara companhia que encontrar, o Estado de Israel por transformar a luta pelo seu legítimo direito à existência num processo ilegal de expansão territorial, de desumana opressão sobre uma população, de exercício de terror sistemático sobre civis pobres, como relatava frequentemente, para a televisão Al Jazeera, a jornalista Shireen Abu Akleh. Quero recordar, com alguns que têm memória, que Israel recusa, há anos, ser investigada sobre crimes de guerra, nega a entrada no país de representantes de tribunais internacionais, rejeita receber o relator especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos. (…) Quero sublinhar, para resistentes a branqueamentos seletivos, que os bombardeamentos aéreos sucessivos e massivos levados a cabo por Israel sobre a Faixa de Gaza, em áreas densamente povoadas, vitimam sobretudo civis inocentes, às centenas: por exemplo, há uns tempos uma operação dessas, que durou 51 dias, matou 2250 palestinianos, incluindo 551 crianças. Este tipo de crimes era reportado por Shireen Abu Akleh. (…) Quero notificar, para o deserto dos que se importam com a dualidade de critérios que manda neste mundo, o quanto é diferente a atual paixão solidária para com o povo ucraniano, vítima cruel da invasão russa e da política de expansão da NATO, da angustiante serenidade quase indiferente com que se assiste à sucessão de, não vejo outro termo, crimes de guerra cometidos por Israel, nem à aparente lenta operação de expulsão total dos palestinianos do restinho de país que lhes deixaram na Faixa de Gaza. Posso querer isso tudo mas, inconformado, vaticino: Shireen Abu Akleh será rapidamente esquecida. Não é a única.» Pedro Tadeu, Quem se importa com este homicídio? - DN 18mai2022.
- Segundo Wyatt Reed, ser um jornalista ocidental é fácil se se seguir algumas orientações simples: Oligarca = empreendedor; Autoritário = Lei e Ordem; Polícia secreta = polícias à paisana; Esmagar a Oposição = controlo anti-motim; Gulacs = campos de trabalho; Invasão = intervenção; Crimes de guerra = danos colaterais; Armas = Apoio letal; Rendição = Evacuação.
- Cerca de 100 armas nucleares norte-americanas cercam a fronteira da Rússia. JACOB PAUL, Express.
- O lado certo da História. Major-general Raul Cunha, TVI.
- «Na economia esclavagista havia até um negócio paralelo, tão constrangedor que nunca recebeu grande destaque na história da escravidão: a reprodução sistemática de cativos, com o objetivo de vender as crianças, da mesma forma como se comercializam animais domésticos. Era uma prática tão repulsiva, que são esparsos os relatos de experiências conduzidas em Portugal, Espanha e Estados Unidos. Uma delas foi registada no Palácio Ducal de Vila Viçosa, sede dos duques de Bragança, a dinastia que assumiria o trono de Portugal a partir do fim da União Ibérica, em 1640, com a ascensão de dom João IV ao poder. Ao visitar o local em 1571, o italiano Giambattista Venturino surpreendeu-se com a existência ali de um centro de reprodução de escravos. Segundo ele, eram tratados da ‘mesma forma como as manadas de cavalos são na Itália’, com objetivo se obter o maior número possível de crianças cativas que seriam vendidas em seguida por preços entre trinta e quarenta escudos.» Laurentino Gomes, Escravidão – Porto Editora 2021, p 184
Sem comentários:
Enviar um comentário