Parte da zona de Ovar onde o abate de pinheiros tem sido
criticado será afeta ao Clube de Ténis de Ovar e na restante a reflorestação
será espontânea, sem intervenção humana, diz o Instituto de Conservação da
Natureza e Floresta.
Em causa está o corte massivo de árvores no Perímetro Florestal das Dunas de Ovar, onde o desbaste tem sido criticado pela população e motivou, na segunda-feira, o lançamento de uma petição ‘online’ apelando à “reversão da decisão do corte de pinheiro-bravo em cerca de 30 talhões”, numa operação que se prevê decorrer até 2026 em terrenos entre as praias de Esmoriz e do Torrão do Lameiro.
Cerca de 80 hectares já foram intervencionados com
resinagem intensiva e abate de árvores, mas o ICNF não revelou o valor exato da
venda desses produtos.
Quanto à matéria lenhosa, cujo lucro é dividido em 60% para o dono da terra e 40% para o Estado, o leilão de 2021 disponibilizou a madeira de 34,18 hectares de pinhal ao valor base total de 198.500 euros. Nessa transação, a Junta de Freguesia de Cortegaça vendeu 1.571 árvores (o que representa 10,3 hectares de corte, 1.843 metros cúbicos de madeira e 47.000 euros) à empresa Salvador Soares & Cia. Lda. e transacionou ainda mais 3.294 pinheiros (cortados em 5,1 hectares, com um volume de 829 metros cúbicos e ao preço de 18.000 euros) com a firma Ângulo Verde Lda.. A Junta da União de Ovar, São João, Arada e São Vicente Pereira também vendeu 2.805 árvores à Salvador Soares e Cia. (o que corresponde a 10,3 hectares, 2.556 metros cúbicos e 65.000 euros), destinando outros 2.385 pinheiros (de 9,5 hectares, 2.547 metros de volume e outros 65.000 euros) à Bioflorestal S.A.. Foi igualmente a essa terceira empresa que a Câmara Municipal de Ovar, após o desbaste de 0,8 hectares, alienou 96 árvores e os respetivos 109 metros cúbicos de madeira pelo valor de 3.500 euros.
O ICNF informou que, na propriedade da autarquia, há um
outro talhão que, “desafetado do Regime Florestal Parcial no passado”, acolhe
atualmente infraestruturas do Clube de Ténis de Ovar. “Esse lote, por
intermédio dos Serviços da Câmara Municipal, foi constituído por solicitação da
direção do Clube de Ténis, apresentando como justificação para a necessidade de
corte do arvoredo o facto de estar prevista para aquele local a instalação de
novas infraestruturas desportivas”, esclarece o instituto.
Partidos, ambientalistas, moradores de Ovar e até
industriais de resinagem têm criticado a forma como autarquia e juntas de
freguesia estão a conduzir o processo de abate, cuja planificação teve início
em 2016, mas não evitou a surpresa da população em março de 2021, quando os
referidos pinhais começaram a ser sujeitos a uma operação massiva da chamada
“resinagem até à morte”.
O ICNF realçou, contudo, que o Plano de Gestão Florestal para a zona em causa, “elaborado com o apoio da Câmara Municipal de Ovar, foi submetido a consulta pública em 2016 e, após emissão de declarações de concordância pelas juntas de freguesia envolvidas e na ausência de qualquer proposta de alteração, foi aprovado nesse mesmo ano”. Notícias do Centro.
Entretanto, o presidente da Junta de Freguesia de Cortegaça, Sérgio Vicente, solicitou uma reunião com caráter de urgência com o ICNF para discutir e minimizar o impacto do abate de árvores que se tem verificado e tentar obter a garantia de reflorestação ordenada que permita, dentro de 40 anos, manter esta floresta. “Há casos em que se fez o abate e a reflorestação natural foi eficaz mas, além dos pinheiros, verificamos que há muitas invasoras e não há uma floresta devidamente ordenada e, portanto, não é solução, entendemos nós. Estamos empenhados nessa defesa”, afirmou. A autarquia diz-se disposta, com esforço financeiro próprio, a aplicar verbas da exploração arbórea, nessa reflorestação. Ovar News.
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