«Falar sobre as intervenções urbanísticas na cidade de Espinho é produzir um ensaio sobre aridez e desnorte, (…) vejamos quatro exemplos:
(1) Da criatividade no asfalto temos, como expoente máximo, a rua 19:
serpentina surgida num momento de inspiração quis o autor - penso eu - trazer
alguma criatividade estética ao troço, acrescentando-lhe a nobre intenção de
reduzir a sinistralidade rodoviária.
2. Da rua 33, (…) a peregrina ideia das duas ciclovias está ao nível das políticas forçadas de reeducação do povo, mais próprias de ditaduras do que de governos sociais-democratas. (…) Já uma ideia teria sido a construção de uma só ciclovia, bidirecional, e o que foi gasto na segunda ser usado como medida de incentivo à aquisição de bicicletas pela população (…)
3.
Na rua 23 os erros repetem-se, sendo que desta feita uma ciclovia que durante
anos foi um estacionamento já é agora uma zona de descanso para transeunte ver,
ou seja, dá vontade de dizer “decidam-se, pá!”; e como vai ser agradável
descansar sentado cheirando o aroma inconfundível da combustão automóvel, não é
verdade? (…)
4. Por último, a cereja no topo do bolo que é toda a zona de intervenção do RECAFE: (…) transformam a zona anexa à Graciosa no ponto de entrada e saída de um estacionamento com centenas de lugares, ou seja, por um lado o mote é descarbonizar e largar a combustão retirando o carro do centro, mas como solução arranjam um estacionamento em que a entrada e saída pelo lado norte se faz junto à mais central das ruas da cidade?! E, para terminar, nessa tal área paralela ao mar que deveria ser de prioridade absoluta ao peão, transformam-na num dos maiores (senão o maior) eixo rodoviário da localidade, no caso, a rua 8, e com dois sentidos?! Já viram onde começa e onde acaba a rua 8?! A cruzar toda a cidade com trânsito rodoviário!? (…)»
Gaspar Matos, Aridez, desnorte e a necessidade de a memória não ser curta - Força Espinho.
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