Bico calado
- O antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair diz que
"talvez a minha geração de líderes fosse ingénua em pensar que os países
poderiam ser refeitos", mas acrescenta que os valores do Ocidente ainda
são aqueles "que as pessoas livres escolhem". Sky News. Mark Curtis: "Há um tema chave na forma como os media do
regime relatam o Reino Unido no Afeganistão: que as intenções da elite eram
boas, mas que ela falhou. É como todas as guerras no Reino Unido são relatadas
quando os jornalistas querem manter um emprego no mercado de trabalho, enquanto
fingem oferecer críticas."
- Em França, o Tribunal de Cassação confirma a cumplicidade
da filial de cimento Lafarge com o Daesh após a empresa ter admitido financiar
indirectamente a organização do Estado Islâmico para continuar a explorar uma
fábrica de cimento na Síria. L’Insoumission.
- «(…) Prevê-se que esta pressão para a alta de preços do
gás e das emissões de carbono venha para ficar, em resultado das penalizações
necessárias no combate às alterações climáticas. Mas isso não quer dizer que a
dos consumidores seja inevitável. Há muitos lucros excessivos no setor e as
elétricas podem e devem ser chamadas a fazer sacrifícios. Não faz sentido
creditar aos consumidores a transição energética, enquanto se mantiverem as
absurdas taxas de rentabilidade das grandes produtoras, protegidas tanto por
Bruxelas como pelo Governo em Lisboa. Só isso explica que António Costa pondere
utilizar os recursos do Fundo Ambiental para dispensar as elétricas deste
esforço, enquanto mitiga os impactos para os consumidores. Acontece que esse
fundo pertence a todos os cidadãos portugueses e foi constituído para proteger
o nosso país das alterações climáticas, e não os lucros astronómicos do
oligopólio da energia. (…)» Mariana Mortágua, O Fundo Ambiental é para proteger
os lucros das elétricas? – JN 7set2021.
- «Um transeunte caminha distraído e um carro rebelde a
circular em sentido contrário e a grande velocidade apanha-o com estrondo. O
corpo sobe alguns metros no ar e cai depois inerte no solo. O veículo não para.
‘O valor da vida continua a ser baixo’, pensei de imediato, e receio que este
venha a ser o futuro programado do país nos tempos mais próximos. – Os gajos não ligam nenhuma, o tipo deve estar morto!-
exclama Pinota. Fico a pensar que ninguém irá julgar aqueles homens. A
impunidade está à solta. Até o antigo ditador foi sumariamente executado,
linchado, e isso parece aceitável, como ouvi numa televisão internacional,
quando Hillary Clinton, secretária de Estado norte-americana, referindo-se aKadhafi, disse: ‘Nós fomos, vimos, ele morreu’. E riu-se.» Paulo Dentinho, Sair da Estrada – Caminho 2021, p 341
- Um ficheiro sobre o apoio secreto do Reino Unido aos
mujahideen nos anos 80 está a ser censurado pelo groverno de Boris Johnson. O
encobrimento ocorre no 20º aniversário do 11 de Setembro, quando o Joe Biden
pediu ao FBI para divulgar ficheiros que podem detalhar o papel da Arábia
Saudita no ataque terrorista. O apoio saudita foi fundamental para a jihad
anti-soviética no Afeganistão, fornecendo financiamento e combatentes como Osama
bin Laden. Os mujahideen árabes colaboraram com os rebeldes afegãos na luta
contra a ocupação soviética, durante a qual Bin Laden formou a Al-Qaeda. John
Fullerton, um antigo espião do MI6 no Paquistão e Afeganistão entre 1981 e
1983, pediu para que o ficheiro de Thatcher fosse tornado público: "Não
vejo qualquer razão para que isto não deva ser divulgado. Há uma tendência dos
governos britânicos para tentar moldar ou reescrever a história - não são só os
russos e os chineses que o fazem, infelizmente, o que é simultaneamente
arrogante e antidemocrático". Thatcher visitou o Paquistão em outubro de 1981, onde
afirmou aos mujahideen afegãos num campo de refugiados perto da fronteira:
"Os corações do mundo livre estão convosco". Ela prometeu 2 milhões de libras em ajuda humanitária,
dizendo: "O povo afegão nunca se submeterá à tirania estrangeira. Lutarão
até ao fim até expulsar o invasor do Afeganistão. Nós na Grã-Bretanha
continuaremos a ajudar-vos de todas as formas que pudermos". Durante a década de 1980, o governo britânico forneceu
formação militar, equipamento e apoio de propaganda às forças islâmicas afegãs,
tendo o Ministério dos Negócios Estrangeiros sublinhado que "a assistência
militar aos rebeldes afegãos deve ser prestada da forma mais clandestina
possível". Londres apoiou grupos fundamentalistas sabendo que era
"improvável" que fossem simpáticos para o Ocidente. Thatcher também
se encontrou com líderes mujahideen em Downing Street. Gulbuddin Hekmatyar, um
senhor da guerra islamista, visitou Londres em 1986. O seu grupo de linha dura,
Hezb-e-Islami Gulbuddin, foi o maior beneficiário de fundos da CIA durante a
jihad no Afeganistão e operou uma prisão subterrânea no Paquistão onde, segundo
a Human Rights Watch, a tortura era "rotineira". Hekmatyar ficou conhecido como o "carniceiro de
Cabul" pelos seus bombardeamentos a civis e violações de mulheres durante
os conflitos entre senhores da guerra rivais que se seguiram à derrota
soviética. Thatcher também conheceu outro líder mujahideen, Abdul Haq, em 1986.
Mais tarde, foi assassinado pelos talibãs. Phil Miller, Declassified UK.
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