segunda-feira, 26 de julho de 2021

Reflexão – Os perigos de interferir nos padrões climáticos naturais

Os Estados Árabes Unidos investiram 15 milhões de dólares em nove projetos para aumentar a pluviosidade, um dos quais é o dos drones de controlo de chuva concebido pela Universidade de Reading.

Os drones não criam chuva em si, mas ajudam a iniciar a produção de chuva através da sementeira de nuvens. Eles "zapam" as nuvens com uma carga elétrica, carregando subsequentemente as gotículas no seu interior. O Centro Nacional de Meteorologia (NCM) já realizou 126 casos de semeadura de nuvens desde o início de 2021.

"O que estamos a tentar fazer é tornar as gotículas dentro das nuvens suficientemente grandes para que, quando caem da nuvem, sobrevivam até à superfície", explica Keri Nicoll, um dos principais investigadores do projeto.

A técnica criou chuva sobre o Dubai e resultou mesmo em avisos de segurança aos condutores em estradas escorregadias.

Nem toda a gente acredita que seja uma boa ideia mexer com os padrões climáticos naturais. Alguns especialistas argumentam que a técnica de sementeira de nuvens está a provocar inundações perigosas. Sufian Farrah, meteorologista e especialista em sementeira de nuvens na NCM, não concorda: "Apenas aumentamos a quantidade de chuva; não estamos a criar cheias. Nós até evitamos semear algumas nuvens, porque seria demasiado perigoso para a aeronave penetrar nelas".

Ainda assim, a técnica pode provocar outros perigos potenciais. Para além da sementeira de nuvens com cargas elétricas, os Emiratos Àrabes Unidos - e outras zonas países - também utilizam produtos químicos para gerar chuva. A professora Linda Zou, por exemplo, desenvolveu um novo material aerossol para semear nuvens utilizando cristais de sal revestidos com nanopartículas de dióxido de titânio. O material está actualmente a ser testado nos Estados Unidos.

Enquanto os cientistas se dizem optimistas quanto ao impacto do material sobre a chuva, as nanopartículas de dióxido de titânio são classificadas como "possíveis cancerígenos" para os seres humanos" pela Agência Internacional de Investigação do Cancro da Organização Mundial de Saúde.

Sarah Marquart, Interesting Engineering.

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