quinta-feira, 8 de julho de 2021

Alugar roupa é menos verde do que descartá-la

  • O Tratado da Carta da Energia (TCE) constitui uma perigosa ameaça para o clima, por outorgar às empresas petrolíferas, de gás e de carvão o direito de processarem estados num sistema de justiça privada, quando estes tomam medidas em prol do clima, que possam afectar os seus lucros esperados. O mais recente exemplo em que o TCE é usado contra legislação em favor do clima, é o processo arbitral apresentado pela gigante de energia alemã RWE, devido à decisão do governo holandês em Dezembro de 2019, de proibir até 2030 a produção de energia a partir do carvão. Por essa mesma razão, a empresa Uniper Benelux ameaçou interpor um processo judicial contra o governo holandês, exigindo uma indemnização de mais de mil milhões de euros. O TCE tem potencial para bloquear a acção climática dos governos, pois basta a ameaça de recurso ao mecanismo ISDS associado a este tratado, para intimidar os governos na tomada de medidas de redução da utilização de combustíveis fósseis (o conhecido chilling effect). Esse foi o caso da Lei francesa para pôr fim à exploração de combustíveis fósseis. Com este tratado, não são as empresas poluidoras quem têm de pagar à sociedade pelos danos ambientais provocados: ao invés, são elas que exigem indemnizações pagas pelos contribuintes se os governos ousarem agir para proteger o ambiente. Além disso, o TCE é incompatível com o Acordo de Paris, porque actualmente protege muitíssimo mais emissões do que as possíveis para a UE cumprir o seu orçamento para alcançar o alvo de 1,5ºC. No TCE, estão já protegidas, no período de 2018 até 2050, 148 Gigatoneladas de CO2 ou equivalente. Ora, para evitar uma subida de 1,5ºC, o volume total de emissões associado à UE é de 30 Gigatoneladas – ou seja, a União Europeia apenas poderia emitir 20% das emissões actualmente protegidas pelo TCE. Saiba mais aqui. Assine a petição europeia.
  • Alugar roupa é menos verde do que descartá-la. O transporte e a limpeza a seco fazem dela a pior opção verde para os consumidores de moda, diz um estudo. O estudo, publicado pela revista científica finlandesa Environmental Research Letters, avaliou o impacto ambiental de cinco formas diferentes de possuir e eliminar vestuário, incluindo o aluguer, a revenda e a reciclagem. Constatou-se que o aluguer de vestuário teve o maior impacto climático de todos e que o custo ambiental oculto era o custo de entrega e embalagem. A limpeza a seco é também prejudicial para o ambiente. O estudo descobriu que muitas marcas de aluguer utilizam indevidamente o termo "economia circular" - o sistema onde as roupas são passadas de pessoa para pessoa antes de serem recicladas - como uma forma de greenwashing. Priya Elan, The Guardian.


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