Antigamente, os relvados eram cultivados pelos mais ricos, que podiam
dar-se ao luxo de empregar homens com gadanhas. Na década de 1830, os primeiros
cortadores de relva eram puxados por um cavalo com botas de couro macio para
proteger a relva. Mas a criação dos subúrbios e o cortador a gasolina em 1902
fizeram com que o culto da relva imaculada se tornasse uma obsessão nacional.
Agora, desafia-se a estética e até a moralidade de um
relvado.
Um relvado limpo é uma obsessão britânica predominantemente
masculina, o corte movido a combustível fóssil é ruidoso e é o pior que se pode
fazer à vida selvagem.
À medida que os jardineiros começam a transformar
relvados em prados de flores silvestres, também as mansões, parques e
campos de jogos abandonam os regimes tradicionais de corte e permitem que as
flores silvestres floresçam.
Até mesmo os quads das faculdades de Oxford e Cambridge,
considerados pelos tradicionalistas como o lar de alguns dos melhores relvados
do mundo, ensaiam a renaturalização. O King’s College, em Cambridge, o ano
passado transformou o relvado ao lado da sua capela num prado.
Trevor Dines, da Plantlife, incentiva as pessoas a
deixarem de cortar a relva em maio para permitir que flores silvestres
floresçam na relva. Os participantes da pesquisa da Every Flower Counts,
identificaram 207 espécies de plantas que florescem em relvados. A Plantlife
calcula que um metro quadrado de relvado reservado a plantes e flores
silvestres fornece néctar suficiente para sustentar em média 3,8 abelhas por
dia.
A Royal Horticultural Society aconselha os jardineiros a
deixar os relvados ficarem secos no verão em vez de os regar, e considerar os
prados de flores silvestres tolerantes à seca em vez da relva tradicional. Nos
seus jardins em Wisley, Surrey, o arboreto e o relvado de coníferas passaram a
ser mantidos como prados, em vez de serem cortados.
Nick Fraser, o jardineiro-chefe do National Trust's
Nunnington Hall, North Yorkshire, alterna áreas de flores silvestres com relva
cortada para garantir que não pareça negligenciada ou abandonada. “Quando
começamos com os prados de flores silvestres, as pessoas costumavam perguntar:
‘A sua máquina de cortar relva está avariada?’ Ninguém diz isso agora”, afirma.
Patrick Barkham, The Guardian.
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