Recortes de notícias ambientais e outras que tais, com alguma crítica e reflexão. Sem publicidade e sem patrocínios públicos ou privados. Desde janeiro de 2004.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Bico calado
«Há cerca de um mês, ali por meados de Janeiro, a minha
sogra, já com uma idade avançada, teve um ligeiro achaque. Nada de especial,
nada de grandes cuidados. Mas, à tabela, decidimos ligar para a linha Saúde 24.
Confirmaram, do lado de lá, que a coisa não era grave, dispensava idas ao
centro de saúde ou ao hospital. Gente atenta e simpática. À despedida, uma
recomendação, veemente: “Não a deixem ver noticiários!”» Waldemar Abreu,
Jornal de Barcelos. - via Clube de Jornalistas.
Governo pediu investigação à Autoridade para as Condições
do Trabalho na sequência do despedimento de 250 trabalhadores desde o fecho das
escolas. O Sindicato dos Trabalhadores de Indústrias de Hotelaria, Turismo,
Restaurantes e Similares do Norte, em vez de aplaudir uma medida que defende os
trabalhadores, critica-a porque diz não ter sido previamente informado da
abertura das averiguações.
O governo espanhol contratou a Deloitte para assessorar o
Ministério da Transição Ecológica na administração de parte dos fundos de
recuperação. Alias consta que foram as quarto grandes consultorias a elaborar o
decreto espanhol que regulamenta a aplicação do Plano de Recuperação e
Resiliência. Tendo em conta que a Deloitte tem a Cepsa e El Corte Inglés, entre
outros clientes, podemos apostar que empresas como a Endesa, a Iberdrola, a
Naturgy ou a Repsol vão pintar-se de verde para abocanhar a maior parte do
bolo, deixando migalhas para as PMEs e trabalhadores independentes. Recorde-se
que esta consultora foi sancionada com 12 milhões de euros por não ser muito
independente na auditoria das contas do Bankia. Eduardo Prieto, InfoLibre.
O Foreign and Commonwealth Office do Reino Unido
patrocinou a Reuters e a BBC para desenvolver uma série de programas secretos
com o objetivo de promover a mudança de regime dentro da Rússia e minar o seu
governo junto da Europa Oriental e Ásia Central, revelam documentos pirateados. Via Max Blumenthal, The Grayzone.
O NYTimes conta que o governo de Hong Kong está a
organizar um novo currículo escolar para doutrinar os jovens segundo o espírito
chinês e que, para tal, está a reescrever a sua história. Sinal de que a China
aprendeu as lições dos EUA sobre a arte de bem reescrever a história de um país
que, para se impôr dentro e fora, fez o que fez aos Índios, aos Negros, aos
seus vizinhos do sul, ao Japão, ao Vietname, ao Iraque, para citar apenas
alguns casos de reescrita da história através de manuais escolares ou de Holywood.
«Ontem cometi um erro e feri a sensibilidade de muitas
pessoas, às quais peço desculpa, quando descrevi de forma factual e rude
"um entrevistador graxista, lambe-botas, bajulador compulsivo, notório
mitómano, com palco para se pôr em cena e a missão de fazer fretes ao
poder". Deveria ter escrito: "um entrevistador empático, conciliador,
dotado de uma forte sensibilidade e criativo na divulgação de narrativas, com
uma atitude profissional e empenhado em tornar perceptíveis as virtudes e os
sucessos do governo". Não se deve
chamar os boys - ou os candidatos a boys - pelos nomes. Se vamos por aí, não
tarda, começamos a responsabilizar os governantes pelos seus actos e um dia
acabamos a condenar banqueiros ou ex-ministros. Eça chamava-lhe a
"sociedade do elogio mútuo", Bordalo, menos diplomático, "a
Grande Porca".Miguel
Szymanski, FB.
«(…) fui dispensado de vários jornais por me recusar a
fazer fretes. Na revista Sábado o director, na altura, hoje já reformado do
jornalismo, veio ter comigo e disse "lamento mas és persona non grata
junto da administração". O empresário André Jordan tinha-se queixado de
uma entrevista que lhe fiz e que nunca foi publicada. No grupo do Diário
Económico foi Ricardo Espírito Santo Salgado quem se queixou que eu o retratara
"como se fosse um gatuno" e ameaçou retirar publicidade do grupo.
"Não te posso dar mais trabalhos para escrever, lamento, ordens
superiores", disse-me o director do jornal. Na revista GQ (onde publicava
crónicas) as queixas vieram numa carta de Jardim Gonçalves. No último artigo
que escrevi para o Expresso (o contrato como colaborador nunca foi rescindido)
critiquei Sócrates quando ainda era primeiro-ministro. Recusei pedidos para
escrever artigos para a revista Up da TAP (um deles sobre a EDP, "mas tem
de ser simpático") porque eram fretes. A minha mulher foi despedida da
Cofina por se recusar a escrever 'publi-reportagens', textos publicitários
mascarados de jornalismo. A directora da revista exigia-o, a minha mulher
manteve a posição de recusa e o director de recursos humanos, genro do patrão
da Cofina, disse-lhe: "o salário ao fim do mês também não vem com código
deontológico". Despediram-na. Por causa disso a minha mulher e eu tivemos
de sair de Portugal e de ir trabalhar para a Alemanha. Fomos de carro, ambos
desempregados, com meia dúzia de malas na bagageira e duas crianças no banco de
trás. Não foi fácil. Ser jornalista não é fácil.» Miguel
Szymanski, FB.
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