sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Reflexão – O Utah parece não ter aprendido com os desastres radioativos de Monticello e Moab

Uma empresa do Utah está a importar 136 toneladas de material radioativo do Japão e o público não tem voz na matéria. Ao solicitar a licença, a Energy Fuels afirmou que os materiais da Agência de Energia Atómica do Japão iriam ser tratados como minério e não como resíduo.

Como a unidade de White Mesa já tem uma licença para processar minério, não foi necessário submeter o projeto das 136 toneladas de material japonês a apreciação pública.

Não há um nível ou dose “segura” de radiação ionizante. A ingestão ou inalação de emissores internos de partículas é conhecida por ser especialmente perigosa, alertaram especialistas de renome como o Dr John Gofman e o Professor Edward P. Radford. “O motivo pelo qual esse lixo do Japão foi aceite sem qualquer tipo de auscultação pública deve-se apenas à classificação específica que lhe atribuíram”, sublinha Grace Olscamp.

A própria história do Japão com radioisótopos, incluindo a explosão de bombas atómicas norte-americanas em Nagasaki e Hiroshima em 1945 e o colapso de Fukushima em 2011, sugere o que faz o Japão querer exportá-los.

Por outro lado, os ambientalistas interrogam-se por que motivo o estado quer aceitar mais lixo radioativo tendo em conta o histórico desastroso na região. Receiam outra Monticello, onde uma fábrica de produção de urânio e vanádio, que operou entre 1942 e 1960, deixou os vizinhos com água, ar e edifícios contaminados, muitos sofrendo graves problemas de cancro. Desativada e abandonada, os contribuintes ficaram com a conta da limpeza e descontaminação de Monticello.

Outro cenário que moradores e ambientalistas temem é o que aconteceu à central de rejeitos Moab. Orçada inicialmente em US $ 6 milhões, a operação de limpeza e descontaminação transformou-se num projeto de biliões de dólares. No fim, os proprietários declararam falência e foram-se embora, deixando a fatura para os contribuintes.

Para uma empresa que aplaudiu os esforços da administração Trump para ressuscitar a indústria de urânio dos EUA, os adversários dizem que essas importações de países estrangeiros são, no mínimo, duvidosas. 

Shad EngkilterraEnviroNews.

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