quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Reflexão - «Envenenando o Pacífico»

A cúpula da Ilha Runit com uma cratera deixada por outro teste nuclear

Envenenando o Pacífico, um livro acabado de ser publicado, detalha a contaminação militar norte-americana de ilhas e oceanos. Mais de 12.000 páginas de documentos do governo dos EUA mostram operações militares contaminando o Pacífico com lixo radioativo, agentes nervosos e armas químicas como o agente laranja.

«As autoridades dos EUA tentaram repetidamente encobrir a contaminação por meio de mentiras, desinformação e ataques a repórteres”, diz o autor, o jornalista britânico Jon Mitchell. «Eu senti essa pressão na pele.» O livro de Mitchell documenta várias tentativas dos departamentos de estado e de defesa dos EUA para bloquear o seu trabalho. Um ficheiro da FOIA mostrraa que Mitchell era monitorizado pela divisão de investigação criminal do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. O documento incluía a sua fotografia, biografia e o relato de uma palestra que ele havia dado em Okinawa sobre contaminação militar.

«Colegas aconselharam-me a não continuar as minhas investigações. O que me motivou particularmente a continuar a cavar em busca de evidências foi o impacto real que a minha pesquisa estava a ter para os veteranos expostos ao Agente Laranja em Okinawa», diz. «Os meus relatórios ajudaram esses homens e mulheres doentes a receber uma compensação do governo dos Estados Unidos. O jornalismo investigativo é, em última análise, um trabalho que deve ajudar as pessoas que sofrem maus-tratos a receber a justiça que merecem.»

Rachel Ramirez, The Guardian.


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