sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Bico calado

  • Em declarações à SIC Notícias a bastonária da Ordem dos Contabilistas, Paula Franco, diz ter recebido mais de 100 denúncias de profissionais que afirmam estarem a ser pressionados pela banca para prestarem falsas quebras de faturação. O objetivo é declarar quebras acima dos 40% para assim aceder às linhas de financiamento destinadas às pequenas e médias empresas na sequência da pandemia. Esquerda.
  • «O FT disse que o presidente Obama afirmou na noite passada que: “Este governo mostrou que destruirá a nossa democracia se isso for necessário para ganhar.” Diz-se que há evidências para apoiar essa hipótese. Mas não vou comentar a eleição dos EUA falando do que Obama disse. O que me interessa é a crescente crença de que as regras já não interessam. As evidências são muitas. Cummings, Gove e Johnson dão contratos de centenas de milhões a amigos seus sem um processo concursal. Matt Hancock arrasa uma entidade pública que emprega milhares sem consulta ou consentimento parlamentar e nomeia seu substituto um amigo com um longo historial de fracasso em liderar. Priti Patel tuita lamentando a morte de um refugiado de 16 anos no Canal da Mancha, mas continua a enviar canhoneiras e a demonizar os desesperados que tentam fazer aquela travessia. (…) E o ministro das Finanças pretende acabar com o apoio àqueles que podem ficar desempregados e a pequenas empresas, enquanto dá continuidade aos programas de apoio à City. Eles acham que não percebemos? Será que eles acham que há vanglória suficiente no Mail para que sejam reeleitos, porque eles são, sem dúvida, reais? Ou foram tão corrompidos pelo pensamento neoliberal que os meios já não importam, e que apenas os fins importam? (…)» Richard Murphy, The deep seated corruption at the heart of populist government - Tax Research UK.
  • Trump apela ao boicote aos pneus Goodyear após denúncia de proibição de bonés MAGA (Make America Great Again-Trump), titula a VOA.
  • O ex-estratega-chefe de Trump, Steve Bannon, foi preso e acusado de alegadamente "defraudar centenas de milhares de doadores" relacionados com a campanha de recolha de fundos para a construção do muro contra os imigrantes. Três outros indivíduos também foram presos por envolvimento no mesmo esquema que arrecadou mais de US $ 25 milhões: o líder da campanha Brian Kolfage, Andrew Badolato e Timothy Shaw. Embora tivessem apregoado que Brian Kolfage, o fundador e rosto público de We Build the Wall, não receberia um cêntimo, os réus planearam secretamente transferir centenas de milhares de dólares para Kolfage, que ele usou para pagar o seu estilo de vida luxuoso. Bannon, através de uma organização sem fins lucrativos sob seu controle, recebeu mais de $ 1 milhão de We Build the Wall. «Os réus não só mentiram aos doadores, mas também planearam ocultar a sua apropriação indevida de fundos criando faturas e contas falsas para lavar doações e encobrir os seus crimes, não mostrando qualquer respeito pela lei ou pela verdade», diz a acusação. Andrea Germanos, Common Dreams.

  • «”Senhor presidente, já ouviu falar no massacre de Pidgiguiti [3 de agosto de 1959]. Era uma greve. Sei que não tem a incumbência de ouvir testemunhos sobre greves. Mas se defende os direitos do homem... E soube que cinquenta dos nossos compatriotas, trabalhadores africanos, foram mortos durante esta greve pela polícia e pelos militares? Queremos dizer-lhe aqui que dezenas de aldeias foram massacradas e compatriotas nossos, como Vitorino Costa, Bernardo Soares e outros foram cobardemente assassinados pelos colonialistas portugueses. A Vitorino Costa cortaram a cabeça. Esta cabeça foi mostrada através das aldeias. Bernardo Soares foi queimado vivo, regado com gasolina. Outros compatriotas nossos foram deitados aos rios, com os pés e as mãos atados, com pedras para fazer peso.” (Relatório de Amílcar Cabral perante a ONU, 1967)» Ana Barradas, Ministros da noite – Antígona 1995

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