Bico calado
- «Uma das coisas mais impressionantes na reação pública ao anúncio de que Jair Bolsonaro testou positivo ao vírus da covid-19 foi tanta gente não acreditar ser verdade, e por uma excelente razão: é que foi o próprio Presidente do Brasil a fazer o anúncio público de que estava infetado — o mesmo Presidente do Brasil que ainda há três meses se recusou a mostrar o teste ao mesmo coronavírus cujo resultado teria então dado negativo. Que a palavra de um presidente da República seja à partida tão pouco credível é a ilustração cabal da tragédia que Bolsonaro é para o Brasil.» Rui Tavares, in A tragédia de Bolsonaro – Público 8jul2020.
- Um relatório recente da American Bar Association mostra como o aumento da privatização no sistema jurídico criminal dos EUA e o ónus financeiro criado pelas “taxas de uso” está efetivamente a criminalizar a pobreza. Quem não puder pagar pode enfrentar a pena de prisão.
- A gigante mineira Glencore está a ser investigada na Suíça por não conseguir implementar as medidas organizacionais para evitar alegada corrupção na República Democrática do Congo. A empresa já estava sob investigação no Reino Unido e nos Estados Unidos devido a alegada lavagem de dinheiro. Em 2017, os Paradise Papers revelaram as operações da Glencore na RDC e seus laços com a Appleby, o escritório de advocacia offshore. Will Fitzgibbon, ICIJ.
- Vários países da União Europeia aprovaram leis para excluir empresas com relações a paraísos fiscais de apoios à recuperação económica. Mas a lista desses países não inclui empresas que transferiram lucros para países da UE considerados paraísos fiscais, como a Holanda, a Irlanda, o Luxemburgo, Malta e Chipre. Douglas Dalby, ICIJ.
- O Dubai é um paraíso para dinheiro sujo, conclui o relatório de 130 páginas da Carnegie Endowment for International Peace. Agentes corruptos e criminosos de todo o mundo, incluindo senhores da guerra afegãos, mafiosos russos, cleptocratas nigerianos, lavadores de dinheiro europeus, caçadores de sanções iranianas e contrabandistas de ouro da África Oriental, operam no Dubai ou através do Dubai, diz o relatório citado pelo Middle East Monitor.
- Suketu Mehta (16): «Em junho de 1948, o MV Empire Windrush atracou em Tilbury, Essex, e 500 jamaicanos pisaram o solo britânico. Eram cidadãos do Império Britânico, respondendo à necessidade desesperada da pátria de suprir a escassez de mão-de-obra no pós-guerra. Durante vários anos, a Grã-Bretanha recrutou mais meio milhão de cidadãos de países da Commonwealth, como Jamaica, Trinidad e Barbados. Eles vivem no Reino Unido desde então, trabalhando e pagando impostos. A Lei de Imigração de 1971 deu-lhes licença indefinida para ficar, mas eles nunca se tornaram cidadãos do Reino Unido. Nunca pensaram que precisavam de o fazer. Em 2010, Theresa May, então secretária do Interior, disse ao Telegraph que o seu objetivo 'era criar aqui na Grã-Bretanha um ambiente realmente hostil à migração ilegal'. Tratava-se de um conjunto de medidas destinadas a tornar a vida tão miserável para as pessoas que não estavam legalmente no país, que elas acabariam por se autodeportar. Como o Ministério do Interior nunca havia emitido documentação para as chegadas da Commonwealth antes de 1971 - na verdade, destruira os seus documentos de chegada em 2010 - 50.000 da 'geração Windrush' de repente viram-se numa posição de legalidade precária. As pessoas que tinham vindo para o Reino Unido quando crianças podiam perder o emprego e ser deportadas a qualquer momento. Negaram-lhes o acesso aos cuidados médicos e foram expulsos das habitações sociais.» Suketu Mehta, This land is our land – an immigrant’s manifesto – Penguin 2019
- Alguns britânicos que se formaram como chefs, personal trainers ou vendedores trabalham agora no campo a apanhar fruta. Claire Moses e Geneva Abdul, no NYTimes.
- Mary Trump, sobrinha do presidente dos EUA, acaba de publicar um livro admitindo que a batota, a aldrabice predomina no estilo de vida do tio. NYTimes.
- Um dia após impor sanções a 20 sauditas por violações dos direitos humanos, o Reino Unido retomou na terça-feira a venda de armas para a Arábia Saudita. As vendas tinham sido suspensas por preocupação de que as armas fossem usadas para violar o direito internacional humanitário no Iémen. NYTimes.
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