Bico calado
- «(…) Mas por agora aquilo de que precisamos é de um debate robusto sobre como gastar o dinheiro. É que o como é tão ou mais importante para superarmos os nossos problemas do que o onde ou o quanto. Numa altura em que deveríamos estar a pensar em criar formas de avaliação transparentes e independentes destes gastos, vemos antes os partidos do centro a diminuir o número de debates no Parlamento. Por isso termino dizendo: se a sociedade civil não acorda para elevar o seu nível de exigência com estes gastos, o dinheiro desaparecerá sem deixar efeito duradouro no país. Já estivemos aqui antes e convinha que tivéssemos aprendido alguma coisa.» Rui Tavares, Conclusão de conclusões – Público 22jul2020.
- «(…) o Conselho Europeu chegou a um acordo que representa uma vitória em toda a linha dos países que se auto-intitulam, incorretamente, como frugais. A agenda desses países, escondida através de expressões grandiloquentes como “competitividade” ou “reformas” e referências às “regras europeias” tornou-se absolutamente transparente no acordo final. (…) O Governo aceitou um acordo que vai trazer muito dinheiro de empréstimo, num momento em que esse dinheiro é muito necessário. Mas foi exatamente isso que aconteceu com a Troika, com as consequências que conhecemos. (…)» José Gusmão, 5 notas sobre o dinheiro que (não) vem - Esquerda.
- «(…) A recuperação da economia está a cargo de um consultor externo do Governo que trabalhará com vários ministros, dificultando o escrutínio. Não é boa ideia, neste contexto, que o primeiro-ministro não seja avistado no Parlamento com frequência. O uso do dinheiro do fundo de recuperação da UE tem de ser avaliado, discutido, vigiado. Para quem vai? Para que áreas de atividade? Para que tipo de projetos? Vai ser distribuído tendo em conta os grupos populacionais mais afetados pela crise da covid (os jovens e as mulheres)? Para que regiões do país? Que mecanismos de integridade dos processos serão implementados? Conseguem-se executar todos os fundos? Que instrumentos de transparência na atribuição, uso e informação sobre os fundos o Governo vai criar? Opacidade e dinheiro não são uma dupla atraente. Por maior antipatia que tenha por espetáculos parlamentares de espetar garfos nos olhos dos adversários à falta de assuntos relevantes que mereçam a presença do primeiro-ministro, debates de dois em dois meses são o sinal errado para dar quando temos tempos aguçados e milhões de euros para investir e distribuir.» Maria João Marques, Muitos milhões e pouco escrutínio – Público 22jul2020.
- «Todos falam da TAP, mas a agricultura exporta mais que a TAP e não teve que se endividar para ir comprar aviões.» Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal – RR.
- «A Ponte Vasco da Gama, paga maioritariamente com dinheiro vindo da Europa, acabou nas mãos da privada Lusoponte. Foi FERREIRA DO AMARAL, Ministro de Cavaco Silva, que mandou construir a PONTE VASCO DA GAMA. Este foi um dos mais ruinosos negócios para o Estado português desde sempre: os privados que construíram a ponte entraram com apenas um quarto do investimento. O restante foi garantido pelo Estado, com dinheiro europeu, que assim permitiu aos privados rentabilidades milionárias ao longo de décadas. Mais tarde, o Estado beneficiou ainda o concessionário (Lusoponte) em mais de mil milhões - mais do que o próprio valor da ponte! Para cúmulo, hoje, ainda agora, o presidente da Lusoponte é o mesmo Ferreira do Amaral, o ministro que a mandou construir, responsável por este negócio calamitoso. A ponte já está mais do que paga, os concessionários continuam a facturar de forma milionária e Ferreira do Amaral recebe a sua tença - até hoje. Quem irá agora enriquecer com os Fundos que aí vêm?» Paulo de Morais, FB.
- O Bahrain e o Qatar têm as maiores taxas per capita do mundo de infeções por coronavírus. Nos dois países, o vírus instalou-se numa casa com quartos pequenos e superlotados onde vivem trabalhadores estrangeiros. Jon Gambrell, Associated Press.
- Israel destrói centro de testes de coronavírus palestino em Hebron. Soldados israelitas assistiram à construção das instalações durante dois meses antes de enviar as escavadoras, dizem os moradores. Middle East Eye.
- Risco de evasão em escolas públicas brasileiras chega a 31%. Desmotivação com a aula online é a principal causa, conclui estudo “Educação Não Presencial na Perspectiva dos Estudantes e suas Famílias”, realizada pelo Datafolha e encomendada pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures. Camila Boehm, da Agência Brasil, in EcoDebate.
- Para empresas de combustíveis fósseis, a falência é um resgate. Declarar falência significa que os executivos embolsam dinheiro e os trabalhadores perdem os meios de subsistência, enquanto o setor público paga pela limpeza ambiental. The New Republic.
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