quinta-feira, 16 de julho de 2020

Bico calado

  • «(…) os milhares de milhões roubados pela família Espírito Santo (quem pensa que foi só Ricardo Salgado que pôs a mão no prato deve mudar urgentemente a dieta de cogumelos…) serviram para pagar a muita gente. A dezenas de pessoas. Diria mais: a centenas! A quem encheram os bolsos para estarem calados, para assobiarem e olharem para o lado. Jornalistas de topo, magistrados, polícias e, claro, políticos fartaram-se de comprar Porsches e Mercedes à custa da desgraça alheia. Diz um tal José Gomes Ferreira a propósito dos acusados: “Estão em muito maus lençóis e têm as suas vidas estragadas”. Ó pá, coitadinhos… Já Ricardo Costa, figura grada da Sic de Balsemão, foi mais longe: “Isto é ir longe de mais. A acusação de associação criminosa não faz qualquer sentido”. Pois não. Claro que não. Isso não se faz a gente fina. Que importa que essa gente boa, essa gente de bem, tenha vigarizado milhares e milhares de pessoas, que ficaram sem as poupanças de uma vida? De facto têm toda a razão os senhores jornalistas. Que importa isso? Os lesados são gentinha. E além disso é bom lembrar que os milhares de milhões que desapareceram no Luxemburgo e em Angola estão em boas mãos. Nas mãos de gente séria, acima de toda a suspeita. (…)» Jorge Alves, FB. Ver, a propósito, peça do noticiário das 13h da TVI24 de 15jul2020. E, também na TVI24, Caso BES: Saco Azul do GES financiou campanha de Cavaco Silva com 252.000 euros.
«Saco azul [do BES] chegou a campanha de Cavaco e a Frasquilho [da TAP]»
  • «Sob a cobertura da pandemia, o governo britânico de Boris Johnson concedeu contratos no valor de biliões de libras para equipamentos dos quais dependem as nossas vidas, sem concorrência ou transparência. Ele esmagou as suas próprias regras, operou secretamente e tomou decisões incompreensíveis e - em alguns casos - altamente questionáveis.» George Monbiot elabora com exemplos neste artigo do The Guardian. O autor sugere apoiar este processo legal com financiamento coletivo com vista a descobrir descobrir como esses contratos foram concedidos e estabelecer que eles são ilegais.
  • Um tribunal angolano diz que o acordo entre a empresa de diamantes do país e o marido de Isabel dos Santos foi prejudicial para os angolanos comuns. Will Fitzgibbon, ICIJ.
  • A Autoridade Tributária do Quénia recuperou cerca de US $ 1,3 milhão na sequência da descoberta de ativos offshore através de cooperação internacional. Citizen TV.
  • Eis 112 empresas incluídas no novo banco de dados da ONU envolvidas na implantação de colonatos ilegais de Israel. 
  • Protestos contra o policiamento racista trouxeram novo escrutínio sobre grandes empresas de tecnologia como o Facebook, que está a ser boicotado por anunciantes por discursos de ódio dirigidos a pessoas de cor, e a Amazon, que pediu ajuda à vigilância policial. Mas a Microsoft, que escapou amplamente às críticas, está atenta aos serviços de aplicação da lei, promovendo um ecossistema de empresas que fornecem à polícia software usando a nuvem e outras plataformas da Microsoft. A estória completa desses laços destaca como o setor das tecnologias está cada vez mais envolvido em relações íntimas e contínuos com os departamentos de polícia. Michael Kwet, The Intercept.

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