quarta-feira, 8 de abril de 2020

Bico calado

  • Na cidade de Chicago, os negros são 30% da população, mas representam 72% das mortes da Covid-19 e 52% de testos positivos. Especialistas em saúde pública dizem que estes dados não surpreendem quem estiver familiarizado com as barreiras de décadas à assistência médica numa cidade dividida geograficamente: os residentes do lado sul e oeste da cidade historicamente têm acesso mais pobre a cuidados de saúde, índices mais altos de pobreza e empregos que exigem que eles continuem a circular enquanto outros podem trabalhar de casa. Condições semelhantes marcam outras grandes cidades com grandes populações negras consideradas pontos quentes para o coronavírus, incluindo New York, Detroit, Milwaukee e New Orleans. Os números divulgados segunda-feira pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos do Michigan mostraram que os afro-americanos, que representam 14% da população do estado, representam 33% dos casos em todo o estado e 41% das mortes. AP.
  • «Anda aí um azedume, um ranger de dentes, um ódio reprimido pelas sondagens que dão ao PM altos índices de aprovação e popularidade. Não se amofinem, o eleitorado é volúvel. Churchill ganhou a guerra e perdeu as eleições seguintes. É curta a distância que separa os aplausos e os assobios, o amor e o ódio, a admiração e o desprezo. É mais fácil surgir um mitómano que galvanize o país ferido, com promessas fraudulentas e demagogia fácil, do que obter a gratidão de um eleitorado formatado pelas redes sociais e a Cofina. (…) Resta-me a consolação de saber como acabaram Hitler e Mussolini que galvanizaram os seus eleitores, mas nem ouso recordar o sofrimento que foi preciso para os derrubar. (…)» Carlos Esperança, in António Costa e a popularidade - FB.
  • «(…) É difícil encaixar que pessoas que dirigem jornais em 2020 não tenham estado atentas ao que se passou nas duas últimas décadas nos setores que cometeram o mesmo erro, tirando daí as devidas lições. (…) A chantagem emocional sobre a sociedade, fazendo recair nela uma culpabilidade duvidosa, tem dois efeitos negativos: ilude os stakeholders acerca das responsabilidades do que está a suceder ao setor e é insustentável enquanto modelo de negócio. (…) Os jornais portugueses aproveitaram a crise de 2008-09 para aprofundar um processo de emagrecimento e renovação de quadros jornalísticos. Resta por explicar porque não se vêem ainda efeitos dessa renovação na qualidade dos seus produtos. Um consumidor de informação não comprará uma assinatura baseado no desesperado apelo do vendedor, seja justa ou injusta a fundamentação desse desespero. Alguns serão tentados a tirar o assunto da vista usando a esmola, é verdade; as esmolas não resolvem negócios. Os jornais portugueses têm-se distinguido pela obsessão de colocar barreiras entre os seus conteúdos e os potenciais interessados. Talvez fosse mais sensato escutar a voz dos leitores e eliminar algumas delas. Principal candidato: o Nónio. Não se entende o que possa tal barreira dar aos jornais que justifique o que lhes tira, em matéria de relação com os leitores.» Paulo Querido, in Carta aberta aos 20 diretores de jornais que escreveram uma carta aberta apelando ao "sentido cívico" dos leitores – FB.
  • «Foi sempre um sonho bonito, intenso, mas já comprei umas quantas guerras com a defesa deste jornalismo que pratico todos os dias. Estamos vivos para continuar, mesmo no meio de toda esta incerteza onde percebemos que vamos também que ter que reinventar a nossa arte, para continuar o caminho. Pensei nisso hoje, mais que nos dias anteriores, sem deixar que as dúvidas nos tolham a certeza de que há estrada para andar.» João Fernando Ramos, FB – refletindo sobre o 6º aniversário do novo formato das emissões do Jornal2 da RTP2.

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