Recortes de notícias ambientais e outras que tais, com alguma crítica e reflexão. Sem publicidade e sem patrocínios públicos ou privados. Desde janeiro de 2004.
terça-feira, 24 de março de 2020
Bico calado
Médicos e enfermeiros Cubanos chegam a Itália para ajudar a combater o Covid-19.
500 mil kits de teste COVID-19 fabricados por uma empresa italiana na Lombardia - o epicentro do surto - chegaram misteriosamente ao Tennessee, EUA, a bordo de um avião militar na semana passada. Fontes: FOX/MSN, Business Insider, The Hill, The Daily Mail.
Trump não sabia que as pessoas poderiam morrer de gripe. O seu avô sabia, escreve Mary Pilon no NYTimes. Morreu em 30 maio de 1918, aos 49 anos, 2 dias depois de ter sido contaminado. Aconteceu o mesmo a 675 mil norte-americanos nessa altura.
Israel prende técnicos de saúde da Palestina combatendo o Covid-19, titula o Middle East Monitor.
Citando uma ameaça à democracia israelita, os opositores do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pediram ao Tribunal Supremo para bloquear o que eles consideram uma tomada de poder pelo governo interino sob o pretexto de combater a epidemia do Covid-19. NYTimes.
«(…) É nas crises que o jornalismo de qualidade faz mais falta. É nesses momentos que os jornalistas são mais necessários. Têm de testemunhar para melhor contarem. (…) Não é para a rua que está a correr o jornalismo em Portugal. Passado o primeiro dia, em que um jornal foi verificar a eficácia do cerco, não terá voltado a Ovar um jornalista dos principais órgãos (…) Vemos o interior de um hospital italiano, mas não o que se passa no São João ou em Santa Maria. O bloqueio não é só das autoridades. E se for, falta a denúncia pública perante o boicote. Perdeu-se em irreverência o que se ganhou em contemporização. Curiosamente, muitos jornalistas reclamam pelo teletrabalho e até há publicações que mostram a sua modernidade anunciando, com orgulho, que foram feitas de casa. Até à chegada da Covid-19, as redações em espaço aberto eram a cereja no topo do bolo, porque se entendia a importância do trabalho colegial. Percebe-se que se reduzam os contactos, percebe-se que as redações se desdobrem em turnos, é bom aproveitar as possibilidades que a tecnologia oferece, mas nada de ilusões: o jornalismo faz-se, estando. Estando nos locais, indo às redações planear, debater ideias, discutir o andamento dos trabalhos, discutir com os outros jornalistas o que se conseguiu e o que ainda se pode fazer, como organizar o texto. Para evitar excessos ou défices de informação – e erros. O bom jornalismo faz-se em equipa e é de bom jornalismo que precisamos. (…) O jornalismo não se pode demitir e não pode deixar que o demitam. Nem só de médicos e enfermeiros, e de caixas de supermercados ou motoristas de autocarros, precisamos neste momento.» João Garcia, in Um vírus a infetar o jornalismo – Expresso.
«Em pleno pânico do COVID-19, mal se reparou que a Carphone Warehouse faliu, com 2.900 pessoas lançadas no desemprego. O seu co-fundador, David Ross, é o bilionário que Boris Johnson alegou ter pago as suas férias de luxo em Mustique, enquanto Ross alegou que apenas a organizou. (…) Ross herdou muitas ações e a presidência da Cosalt Ltd, uma empresa de suprimentos marítimos. A empresa faliu com uma dívida de £70 milhões e um déficit de £50 milhões em pensões, o que arruinou a vida de muitos funcionários e ex-funcionários. Inexplicavelmente, após a falência, os seus melhores ativos foram vendidos pelos administradores da Price Waterhouse a um preço imbatível para ... o principal doador do Partido Conservador David Ross. Foi assim que ele ganhou dinheiro com a falência da empresa da família. Inexplicavelmente, o principal doador do Partido Conservador, David Ross, não foi desqualificado como diretor de outras empresas pelo Insolvency Service quando a Cosalt, da qual ele era presidente, faliu. Cerca de 7% da riqueza de Ross pagaria um ano de subsídios a todos os desempregados da Carphone Warehouse. É claro que isso nunca acontecerá, porque é absolutamente contrário ao modelo de capitalismo atualmente em vigor, no qual os ultra-ricos vêem as empresas como fontes de extração de riqueza a curto prazo e não sentem qualquer relação para com os trabalhadores. (…) A maior parte do resgate de negócios de 330 biliões de libras esterlinas vai ser canalizada em enormes tranches para megaempresas. O setor aéreo já solicitou £ 7,5 biliões, para dar apenas um exemplo. Desconfio que os empréstimos a pequenas empresas, hoje divulgados, serão lentos, burocráticos e de difícil acesso. Eles estarão sujeitos a juros bancários - os banqueiros ganham sempre – que, durante algum tempo, serão pagos pelo contribuinte. Muitas dessas medidas, quando as analisamos, oferecem, a longo prazo, mais transferências de dinheiro dos contribuintes para os bancos. Vê-se muito bem como, de repente, o dinheiro está magicamente disponível, tendo sido durante décadas negado à estratégia industrial e ao Serviço Nacional de Saúde. Mas não nos iludamos: isto não mostra que os Conservadores se tenham convertido a Keynes. Ao resgatar as companhias aéreas, Branson não será solicitado a devolver um centavo da sua riqueza pessoal, nem David Ross nem qualquer outro bilionário. Aqueles que fizeram grandes fortunas não serão convidados a devolver nada às empresas ou sistemas que exploraram. Subsídios estatais maciços irão predominantemente para as maiores empresas e beneficiarão a agência paga pelos banqueiros. Você e eu pagaremos. O contribuinte, em última análise, assumirá os custos do que pode vir a ser mais uma década de austeridade imposta como resultado de outra transferência de riqueza de nós para bancos, instituições financeiras e grandes empresas. As pequenas e médias empresas que irão à falência fornecerão ricas escolhas em poucos meses para os abutres de contas offshores e outros capitalistas de desastres. Neste momento está na moda escrever artigos afirmando que o governo descobriu o valor da intervenção socialista. Suspeito que a história irá mostrar que nada poderia estar mais longe da verdade.» Craig Murray in It’s Not Socialism. It’s Another Mega Wealth Transfer.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, ameaçou os membros da família do Tribunal Penal Internacional, garantindo que Washington tomará medidas punitivas contra eles se o tribunal julgar soldados americanos por crimes de guerra. Fontes: HRW, The Grayzone e Geopolitics Alert.
Na Turquia, 6 canais de televisão foram especialmente reservados para transmitir aulas de língua turca, matemática, ciências sociais e físicas, inglês, biologia e geografia. MEM. Ainda se lembram da nossa Telescola? Que contributo estão as nossas televisões a dar ao ensino à distância nas circunstâncias atuais de recolher obrigatório?
A Alemanha precisa de 300 mil trabalhadores agrícolas para cobrir as ausências provocadas pelo Covid-19. O governo já avançou com 165 mil milhões de euros de ajuda ao setor. El Salto.
Coronavírus: EasyJet pede aos seus colaboradores que aceitem pagamento zero durante três meses, enquanto os chefes recebem apenas 20% de redução. iNews.
«(...) a Turquia reteve em Ancara um avião com material médico, que Espanha tinha adquirido à China. Dias antes, a 1 de abril, um avião militar de carga turco partiu de Ancara com cinco toneladas de equipamento de proteção com destino a Espanha e Itália, após pedido de apoio à NATO. Contudo, com a evolução da pandemia naquele país (tem no presente quase 24.000 testes positivos ao vírus), a Turquia alterou a decisão e reteve centenas de ventiladores que tinham como destino Espanha (e já tinham sido pagos à China), com a pretensa justificação de necessitarem reforçar o seu próprio sistema de saúde.
(...) De acordo com o L'Express, o presidente francês, Emmanuel Macron, assinou um decreto que autorizava o Governo a requisitar qualquer produto necessário na luta contra a pandemia de Covid-19. No dia 5 de março, o Secretariado Geral da Defesa e Segurança Nacional francês (SGDSN) apreendeu 4 milhões de máscaras que a empresa sueca Molnycke estava a transportar da China para Espanha e Itália, ficando retidas no centro logístico de Lyon. Esta retenção originou um incidente diplomático entre França e Suécia, que, por fim, levou à libertação de apenas metade do número de máscaras apreendidas, ficando os outros 2 milhões de máscaras sequestrados em solo francês.
(...) A administração Trump é acusada de comprar em pistas de aeroportos máscaras de proteção descartáveis, que tinham sido previamente adquiridas pelo governo francês e ventiladores comprados pelo Brasil. Em declarações à estação televisiva RT, Renaud Muselier, presidente da região Provence-Alpes-Côte d'Azur, acusou os Estados Unidos de pagarem três ou quatro vezes o preço pago por França diretamente em pistas de aeroportos chineses, antes de iniciarem a sua viagem. A encomenda, que continha cerca de 60 milhões de unidades deste equipamento de proteção e tinha como destino França, "partiu, ao invés, para os Estados Unidos", lamentou Renaud Muselier.
O Brasil relata casos semelhantes, com uma encomenda de 600 ventiladores a um fornecedor chinês que não saiu do aeroporto de Miami, onde fazia escala para o Brasil. Ainda de acordo com a BBC, em nota de imprensa, a Casa Civil da Bahia informou que "a operação de compra dos respiradores foi cancelada unilateralmente pelo vendedor", suspeitando que os EUA tenham oferecido um valor mais alto pelos ventiladores, que ainda não tinha sido pagos pelo governo brasileiro. Para além destes casos, a Alemanha também acusou os USA de redirecionarem para si mesmos 200.000 máscaras, encomendadas pela polícia de Berlim. Este acto foi descrito pela Alemanhã como "pirataria moderna", de acordo com a BBC.
Outro percalço diplomático surgiu nos Estados Unidos, com o governo de Trump a impedir a empresa norte-americana 3M de exportar os seus produtos médicos para o Canadá, recorrendo à Defence Production Act, uma lei do tempo da Guerra com a Coreia, para justificar a sua decisão. A empresa, que fabrica cerca de 100 milhões de respiradores N95 por mês, alertou que esta decisão tem "consequências humanitárias significativas", e que pode desencadear reacções semelhantes noutros países, indica a BBC.
1 comentário:
«(...) a Turquia reteve em Ancara um avião com material médico, que Espanha tinha adquirido à China. Dias antes, a 1 de abril, um avião militar de carga turco partiu de Ancara com cinco toneladas de equipamento de proteção com destino a Espanha e Itália, após pedido de apoio à NATO. Contudo, com a evolução da pandemia naquele país (tem no presente quase 24.000 testes positivos ao vírus), a Turquia alterou a decisão e reteve centenas de ventiladores que tinham como destino Espanha (e já tinham sido pagos à China), com a pretensa justificação de necessitarem reforçar o seu próprio sistema de saúde.
(...) De acordo com o L'Express, o presidente francês, Emmanuel Macron, assinou um decreto que autorizava o Governo a requisitar qualquer produto necessário na luta contra a pandemia de Covid-19. No dia 5 de março, o Secretariado Geral da Defesa e Segurança Nacional francês (SGDSN) apreendeu 4 milhões de máscaras que a empresa sueca Molnycke estava a transportar da China para Espanha e Itália, ficando retidas no centro logístico de Lyon. Esta retenção originou um incidente diplomático entre França e Suécia, que, por fim, levou à libertação de apenas metade do número de máscaras apreendidas, ficando os outros 2 milhões de máscaras sequestrados em solo francês.
(...)
A administração Trump é acusada de comprar em pistas de aeroportos máscaras de proteção descartáveis, que tinham sido previamente adquiridas pelo governo francês e ventiladores comprados pelo Brasil. Em declarações à estação televisiva RT, Renaud Muselier, presidente da região Provence-Alpes-Côte d'Azur, acusou os Estados Unidos de pagarem três ou quatro vezes o preço pago por França diretamente em pistas de aeroportos chineses, antes de iniciarem a sua viagem. A encomenda, que continha cerca de 60 milhões de unidades deste equipamento de proteção e tinha como destino França, "partiu, ao invés, para os Estados Unidos", lamentou Renaud Muselier.
O Brasil relata casos semelhantes, com uma encomenda de 600 ventiladores a um fornecedor chinês que não saiu do aeroporto de Miami, onde fazia escala para o Brasil. Ainda de acordo com a BBC, em nota de imprensa, a Casa Civil da Bahia informou que "a operação de compra dos respiradores foi cancelada unilateralmente pelo vendedor", suspeitando que os EUA tenham oferecido um valor mais alto pelos ventiladores, que ainda não tinha sido pagos pelo governo brasileiro. Para além destes casos, a Alemanha também acusou os USA de redirecionarem para si mesmos 200.000 máscaras, encomendadas pela polícia de Berlim. Este acto foi descrito pela Alemanhã como "pirataria moderna", de acordo com a BBC.
Outro percalço diplomático surgiu nos Estados Unidos, com o governo de Trump a impedir a empresa norte-americana 3M de exportar os seus produtos médicos para o Canadá, recorrendo à Defence Production Act, uma lei do tempo da Guerra com a Coreia, para justificar a sua decisão. A empresa, que fabrica cerca de 100 milhões de respiradores N95 por mês, alertou que esta decisão tem "consequências humanitárias significativas", e que pode desencadear reacções semelhantes noutros países, indica a BBC.
(...)
https://www.esquerda.net/artigo/eua-franca-e-turquia-desviam-material-de-saude-destinado-outros-paises/66827
Enviar um comentário