Rui Moreira, presidente da CM do Porto, homenageia Sindika Dokolo, marido de Isabel Santos.
- «(…) Com aquele gosto florentino que tem aprimorado, o ministro dos Negócios Estrangeiros [Augusto Santos Silva], falando de si próprio na terceira pessoa, na boa tradição literária de um treinador de futebol, explicou que “talvez agora se perceba melhor a insistência do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal - desde pelo menos dezembro de 2015 - de manter o melhor relacionamento possível com as autoridades angolanas; de manter o nível de relacionamento entre os dois Estados no mais alto dos patamares”. Esse “relacionamento” resume-se a uma guarda pretoriana que foi recrutada em Portugal para proteger os assaltantes de Angola. Os banqueiros (no BCP, no BPI), os empresários (Amorim primeiro que todos, depois a Sonae, José de Mello e tantos outros) e os governos multiplicaram-se em vénias para atrair esses capitais e as suas alianças. O Banco de Portugal fechou os olhos às investidas de personalidades “politicamente expostas” e, salvo ter evitado na 25ª hora que Isabel dos Santos viesse a ser administradora do BIC, não opôs qualquer reserva a nenhuma das suas outras funções nem sequer à compra em saldo deste último banco. Assim, protegida por alguma imprensa que a apresentava como a rainha do glamour, por uma câmara municipal [do Porto] que oferecia ao marido a medalha de ouro da cidade a troco de uma inútil promessa de um museu [de Manoel Oliveira], pelo deslumbramento dos políticos e pela ganância dos capitais, Isabel dos Santos instalou uma rede de conivências em Portugal, com que pretendeu abrir caminhos para o reconhecimento internacional. (…) E tudo se sabia. Pepetela, que conhecia cada uma dos personagens desta clique, retratou-as em vários romances em que apresenta a sua desilusão e raiva contra a corrupção e o seu regime. Rafael Marques denunciou durante anos muitos destes esquemas, com dados detalhados. O livro que Jorge Costa, João Teixeira Lopes e eu publicámos em 2014, “Os Donos Angolanos de Portugal”, resumindo muito do que nos anos anteriores já tínhamos investigado e escrito sobre a cleptocracia luandense e os seus aliados portugueses, chegou a milhares de pessoas em Angola e por cá. Incluímos nomes e gráficos com as ligações das diversas empresas. Contamos a história e revelamos de onde vinha o dinheiro. (…) O “Jornal de Angola” dedicou-nos editoriais e insultos. Luaty Beirão e os seus camaradas puseram todas as denúncias na rua. Como Rafael Marques, foram presos, enquanto no Parlamento português, confrontados com votos pela liberdade de imprensa e de opinião contra a repressão pelo regime de Luanda, o PS, o PSD, o CDS e o PCP alinhavam na recusa sobranceira, com José Eduardo dos Santos ninguém se mete. (…) Em 2016, de 17 a 20 de agosto, em mais um congresso de consagração de Dos Santos (e no período em que o nosso atual ministro já cuidava do “melhor relacionamento possível” com o “mais alto dos patamares”), o PS fez-se representar pela secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes, e pelo presidente, Carlos César, que enfaticamente brindou os anfitriões com um “o MPLA e o PS têm trilhado um caminho comum, um continuado diálogo político e uma colaboração concreta em áreas de interesse mútuo, incluindo no âmbito da nossa família política no seio da Internacional Socialista. Estou convencido que esse caminho de proximidade será cada vez mais produtivo e a nossa presença neste congresso e a nossa saudação neste congresso é justamente para aqui testemunhar a garantia desse caminho novo de proximidade, de afetividade, de colaboração e de luta comum”. (…)» Francisco Louçã, in O dominó angolano ainda mal começou a cair – Expresso Diário, via Entre as brumas da memória.
- Quem são os ex-governantes portugueses nos negócios angolanos? Jorge Costa recorda.
- «Isto não significa que Isabel dos Santos e família não sejam responsáveis, eles têm toda a responsabilidade, mas é preciso que fique clara a hipocrisia do mundo ocidental”, vincou Domingos Cruz, autor da tradução do livro ‘From dictatorship to Democracy: A Conceptual Framework for Liberation’, escrita por Gene Sharp, pela qual foi condenado a uma pena de prisão. (…) “há várias empresas do sector privado dos EUA que contribuíram consideravelmente para que o povo angolano estivesse no nível de miséria em que está hoje. Não gostaria de avançar mais nada, o trabalho está em curso e haverá mais revelações a caminho”. Domingos da Cruz, que foi um dos entrevistados pela equipa de jornalistas do ICIJ na preparação dos relatórios disponibilizados no domingo ao final da tarde, diz que não foi surpreendido pela divulgação dos dados e lembra que repetidas vezes tem dito o mesmo. “Sempre dissemos que o país estava a saque e nem sequer éramos ouvidos pela comunidade internacional, pelo contrário, havia cumplicidade, neste sentido; as pessoas envolvidas são tão ladras e corruptas quanto a Isabel e isso é uma lição para os africanos em geral, porque quando os tempos e os interesses mudam, mudam também as vontades, e temos de aprender a estar virados para dentro e para os nossos interesses”». Folha8.
- «A 6 de novembro de 2015, uma semana após tomar posse e quatro dias antes de o seu Governo cair Pedro Passos Coelho vendeu a participação do Estado em três minas de diamantes angolanas à Empresa Nacional de Diamantes de Angola, o que terá feito o Estado perder cerca de 30 milhões de euros.» Jornal Económico.
- Vieira de Almeida, PLMJ e Uría: quem são os advogados por trás dos negócios de Isabel dos Santos? Expresso Diário 22jan2020, via Estátua de Sal.
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