terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Reflexão: uma ditadura ambiental para combater as alterações climáticas?


Perante uma máquina democrática gripada, será que temos que impor medidas autoritárias e impopulares para melhor responder à emergência climática? Catherine Gauthier, diretora geral da Environnement Jeunesse, Dominic Champagne, autor, encenador, ativista do Pacto de transição, Patrick Bonin, especialista em alterações climáticas, e Dominique Bourg, filósofa, professora da Faculdade de Geociências e do Ambiente da Universidade de Lausanne, discutiram o tema no sábado, 26 de outubro, no Museu de Belas Artes de Montreal. Um debate moderado por Simon Roger, jornalista do Le Monde. Duração: 1:40:05

Patrick Bonin, da Greenpeace Canadá, não hesita: «O nosso sistema democrático é provavelmente o menos mau dos sistemas, e ainda há muito para fazer. Mas é óbvio que uma ditadura ambiental não é a solução. Sim, devemos agir rapidamente, mas colocar o poder nas mãos de um pequeno punhado de pessoas que tomariam as decisões sozinhas e as imporiam - não é disso que precisamos. Temos que envolver as pessoas, abrir o sistema democrático, fazer com todos remem para o mesmo lado.»
Pode dizer-se que, de um modo geral, houve consenso. Segundo os participantes do painel, as correções no sistema democrático podem lubrificar a ação do Estado contra as mudanças climáticas: mais educação para a população e os decisores, uma transição para um sistema de votação proporcional, o fim dos subsídios às indústrias do setor de combustíveis fósseis, um muro contra o lóbi dessas indústrias, a adoção de uma lei-quadro climática através da qual todas as políticas públicas devem passar.
Dominic Champagne foi provocador:  «Há um grande ato de desobediência às leis da natureza que está a ser praticado por quem lucra com o crime. A indústria de petróleo e gás, e aqueles que a financiam, são os primeiros a desobedecer às leis da natureza. É normal que essa violência que exercemos contra a natureza mereça uma resposta da natureza. Mas infelizmente, aqueles que ainda tenham reservas significativas de energia, armas, mobilidade, provavelmente ainda se sairão melhor, e não é certo que a humanidade saia vencedora. A ditadura verde, se houver, será imposta pela natureza, infelizmente.» Le Devoir.

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