segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Reflexão - A Europa pode ameaçar os EUA com tarifas de carbono para combater a crise climática?


A Europa pode ameaçar os EUA com tarifas de carbono para combater a crise climática. «Não é se isso vai acontecer - vai acontecer», prevê John Kerry, ex-secretário de Estado dos EUA citado por Zack Colman, na Politico.

Ao impor tarifas sobre mercadorias dos EUA e de outros países que carecem de políticas climáticas rigorosas, os europeus ajudariam as suas próprias indústrias a evitar serem prejudicadas pelos esforços que fazem na redução das emissões dos gases de efeito estufa. Mas, ao atingir os EUA, correm o risco de piorar a guerra comercial com o governo Trump, que já ameaçou com tarifas pesadas sobre produtos como o champanhe francês e os automóveis alemães.
A União Europeia cobra uma taxa de 25 euros por tonelada métrica de dióxido de carbono emitida por empresas da UE, como refinarias de petróleo, siderúrgicas e produtoras de papel. Como outras grandes economias, como os EUA, se recusam a fixar um preço de carbono para suas próprias indústrias, a abordagem da UE corre o risco de tornar muitas empresas europeias pouco competitivas e levou a pedidos de uma tarifa de ajuste de fronteira com base no impacto climático das importações nos seus países de origem.
A ministra da Economia da Espanha, Nadia Calviño Santamaría, afirmou que deseja uma tarifa de carbono o mais rápido possível que vise qualquer país que não cumpra os compromissos assumidos no acordo climático de Paris de 2015.
Alguns líderes europeus manifestaram-se preocupados com esta ideia, incluindo a chanceler alemã Angela Merkel, que sublinhou a necessidade de a UE agir com cautela ou correr o risco de aumentar as tensões comerciais. «Os países que não expressaram um compromisso semelhante poderão considerar essa tarifa como uma espécie de medida protecionista», disse.
Os países que quiserem evitar tarifas de carbono podem simplesmente adotar assuas próprias políticas climáticas rigorosas, dizem alguns líderes europeus. «Se se tomar as mesmas medidas ou semelhantes, não haverá necessidade de corrigir nada na fronteira», disse Frans Timmermans, vice-presidente executivo da Comissão Europeia. «Se não se fizer isso, então teremos de proteger as nossas indústrias», concluiu.

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