sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Reflexão – A arte da Total fazer greenwashing


A petrolífera francesa Total anunciou que vai investir 100 milhões de dólares por ano em proteção florestal. O projeto foi divulgado pouco tempo depois da Shell e da Eni terem apresentado ideias semelhantes para compensar parte das suas emissões.
Alain Karsenty, investigador do Centre for International Cooperation in Agriculture,  não hesita em considerar a iniciativa de puro greenwashing.

A Total investiu 330 milhões de dólares para converter a sua biorrefinaria La Mède para usar óleo de palma, o que promove a desflorestação a destruição de turfeiras tropicais. Além disso, o aumento da procura de óleo de palma para biocombustíveis vai aumentar a subida dos preços - e não apenas em óleo de palma certificado. Se os lucros da safra aumentarem, isso significa que os produtores terão maior probabilidade de desenvolver novas plantações em áreas remotas ou em florestas com declives acentuados ou em florestas pantanosas. O resultado será um aumento nas emissões.
No Uganda, a Total é a principal operadora de um projeto de petróleo no Lago Albert e no Parque Nacional Murchison Falls. A Friends of the Earth e 4 organizações ugandesas anunciaram estar a processar a Total por incumprimento da elaboração e desenvolvimento do seu plano de direitos humanos e vigilância ambiental no país.
Na República do Congo, a Total possui dois blocos de petróleo, por enquanto inativos. Mas um sobrepõe-se a um parque nacional e o outro está nas turfeiras da Cuvette Centrale, a maior área de turfeiras tropicais do mundo. O Cuvette Centrale armazena grandes quantidades de carbono. 

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