terça-feira, 24 de setembro de 2019

Bico calado

  • Dois eurodeputados do PC e outros dois do BE descartaram o convite do Porto Canal para se pronunciarem sobre o caso Rui Pinto.
  • «Acho muito preocupante que a PGR, o MP e a PJ revelem um trabalho intenso na investigação dos crimes que Rui Pinto possa ter cometido. Mas, no entanto, o comunicado da PGR não tem uma única linha sobre os gravíssimos e terríveis crimes que foram expostos por ele no site Football Leaks e que dizem respeito à criminalidade à solta no mundo do futebol, designadamente os de evasão fiscal, branqueamento de capitais, negócios de promiscuidade, conflito de interesses tremendos, captura de agentes do mundo económico, etc.» Ana Gomes, in Sapo Desporto.
  • "MP quer silenciar e destruir Rui Pinto", denunciam advogados citados pelo DN. Comentário de Maria José Oliveira: «Esta frase tem muita piada dita por um tipo que não há mts anos telefonou-me à noite (era advogado do Público) e disse-me p eu me calar c a história dos telefonemas do Relvas. Tentou insultar-me e eu comecei a tirar notas de tudo o q ele dizia p dp reportar para o C. Redacção.»
  • «Eu destruí o meu casamento e as minhas amizades a escrever O Tubo [de Ensaio), a recusar milhares para não escrever certos tubos (…)» João Quadros.
  • O júri literário de Dortmund rescindiu o prémio atribuído à escritora paquistã-britânica Kamila Shamsie or ela apoiar a campanha de boicote a produtos israelitas devido aos atos de discriminação e brutalidade contra os palestinianos. The Guardian.
  • «(...) Curioso, e até divertido, é ver como nos vão sendo ministrados todo os dias ecopaliativos. Dizem-nos: viaja o menos possível de avião, vai para a escola ou para o emprego de bicicleta, bebe só água da torneira, reutiliza os sacos plásticos, não deixes a torneira aberta enquanto lavas os dentes, toma atenção a todos os teus gestos quotidianos, torna-te um herói da salvação do planeta (como se o planeta estivesse interessado nos nossos esforços e não continuasse a existir depois de nós, tal como já existia antes de nós). Tudo isto não passa de formas de exorcismo e de recalcamento do medo, ao mesmo tempo que cria a ilusão de que estamos a responder à urgência. Se olharmos com atenção e utilizarmos o bom senso (nem é preciso muita ciência) facilmente concluímos que muito pouco se faz porque era preciso virar os nossos modos de vida de pernas para o ar para se fazer alguma coisa eficaz (se ainda há tempo para isso porque obviamente não se pára de um dia para o outro um processo que começou há séculos). (...)» António Guerreiro, in A Terra é redonda – Público 20set2019.
  • «(...) É preciso repetir isto várias vezes, porque há quem ainda não tenha percebido ou não queira perceber: em 2011, o Estado levou-nos a todos à falência. Destruiu milhares de empresas, centenas de milhares de postos de trabalho, riquezas e poupanças acumuladas, expulsou os melhores e os mais jovens. E depois, para pagar os seus desmandos, sugou-nos de impostos, como se a culpa tivesse sido nossa. O mérito do Governo de António Costa e Mário Centeno foi pôr um termo a essa vertigem castigadora e apostar que, aliviando o sacrifício, dando mais dinheiro às pessoas, era possível encontrar outra saída. Mas o monstro mantém-se intacto e a sua voragem também. Ao menor sinal de alívio, vimos como os mesmos de sempre, os tais que vivem ancorados nas benesses do Estado, foram os primeiros a reivindicar de volta os seus antigos privilégios e até novos. E, curiosamente, se já antes tínhamos visto a direita a castigar-nos com impostos, depois vimo-la a colar-se aos privilegiados do sector público — de que o caso dos professores foi eloquente e inesquecível — e Costa e Centeno a resistirem, como lhes competia. Pois, é verdade, tudo anda muito confuso e o que deveria ser claro torna-se às vezes obscuro. O desespero é mau conselheiro — na política, como no resto. Mas, depois de 2011, devia ser claro para todos que o Estado não pode voltar a comportar-se como o inimigo da comunidade. Devíamos olhar para o Estado e para os serviços que ele nos presta — e que concordamos que deve continuar a prestar-nos — e vermos ali não quase sempre uma fonte de eternas reivindicações e despesas acrescidas que teremos de pagar com mais e mais impostos, mas, pelo contrário, vermos um corpo de organismos que tentam melhorar a nossa vida com os serviços que nos prestam e com respeito pelo dinheiro que é de todos e que é escasso. (...).» Miguel Sousa Tavares, in Mas é o melhor que se arranja – Expresso 21set2019.
  • «As fake news apareciam nas folhas da mídia de então. E o anonimato que permite os mais brutais ataques a desafetos, tão criticado como se fosse característico das redes sociais, era igualmente muito comum pelos idos de 1821-22. Um dos que mais frequentemente recorriam a esse estratagema era o próprio príncipe regente D. Pedro I, que sob pseudônimos empreendia ações de difamação e calúnia em O Espelho, contra adversários de longa duração ou circunstanciais.»  Isaías Dalle, in Carta Maior.

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