Bico calado
- Cerca de €9 mil milhões saíram para paraísos fiscais em 2018, sendo a Suíça e Hong Kong os mais populares. Expresso.
- «Peixoto Rodrigues, presidente do Sindicato Unificado da PSP e candidato da Coligação Basta, é acusado de participação em esquema fraudulento que lesou o Estado em mais de 66 mil euros. "O normal da nossa sociedade é as pessoas serem arguidas", afirma.» DN.
- «(…) As posições do PCP, do BE podem ser demagógicas, insustentáveis, irrealistas, mas não são populistas. Querer acabar com a propriedade privada, querer aumentos de salários, querer mais regalias para os sindicatos, atacar patrões e grandes empresas, defender causas “fracturantes”, são posições político-ideológicas muito distintas do populismo. No entanto, se tomadas em abstracto, estas podem emigrar para o discurso de direita. Alguns dos grandes populistas americanos como o Padre Coughlin e Huey Long na Luisiana fizeram alguns dos mais radicais discursos anticapitalistas. (…) A demagogia está presente em todo o espectro político da direita à esquerda e, por si só, não caracteriza o discurso populista. Este caracteriza-se principalmente pela dicotomia “nós” (o povo) e “eles” (os políticos, os poderosos). Em Portugal, o populismo entrou pela primeira vez numa campanha eleitoral nas últimas eleições europeias. Os cartazes do Chega/Basta, que se encontram ainda colocados, são os primeiros a chegar ao espaço público com palavras de ordem claramente populistas. Foi só começo. O terreno português do populismo é dominantemente o das redes sociais e do tipo de interacção que elas propiciam. Mas já passou daí para certos programas televisivos e para certo tipo de articulistas justicialistas, que vivem da “denúncia” e da indignação moral, e, basta fazer uma lista dos casos, para ver como são selectivos e dúplices na indignação. Em todos os casos têm audiências. O populismo ainda não passou nem para o voto, nem para a rua, embora seja uma questão de tempo. O tema central do populismo é a corrupção, a real, a imaginária e a inventada. A corrupção é o estado natural da política e dos políticos, de “eles”. Ao não se distinguir entre a corrupção real e a inventada, o discurso torna-se genérico e sistémico. Ao atacarem o “regime” e o “sistema” perceba-se que consideram a democracia o terreno ideal para a corrupção. Não é. É a ditadura, mas não vale a pena lembrar-lhes isso. (…) O populismo concentra os seus ataques nos procedimentos da democracia, vistos como uma forma de empecilhos para combater o “crime” e a “corrupção”. (…) O populista é um activista do ad hominem. Quando fala e quando escreve enuncia nas suas falas e nos seus títulos nomes de pessoas. Depois passa dos nomes, para a família, para os amigos, para os companheiros de partido e por fim para “eles”. Os critérios da culpa são por contiguidade, familiar em primeiro lugar, relacional, e partidária. A culpa é nomeada pessoalmente e depois torna-se colectiva. É de X, nome no título para vender, e porque é de X, é de “eles”. Os populistas votam mais facilmente em determinado tipo de corruptos conhecidos ou até condenados, cuja política lhes parece próxima, do que “neles”. Várias eleições em Portugal mostram que a aparente indignação contra a corrupção, é muito pouco genuína, e tem componentes políticas que implicam a duplicidade. Os populistas estão sempre zangados, vivem num estado de excitação patológica, porque eles são sérios e o resto do mundo é desonesto, ladrão e corrupto. (…) Os alvos dos populistas são aquilo que eles designam como elite. Os políticos, os funcionários públicos, os professores, os médicos, os enfermeiros, os motoristas, os sindicalistas, os que fazem greve. É uma lista absurda, mas é a dos “privilegiados”. Embora na elite se incluam os banqueiros caídos em desgraça, quase nunca são referidos os principais grupos económicos, as famílias ricas e poderosas, os escritórios de advogados, os consultores financeiros, os dirigentes desportivos e os jogadores de futebol. No quadro de valores de um populista, fugir ao fisco por parte de um político, merece prisão perpétua, mas é uma mera infracção num jogador de futebol. Os populistas vivem do apodrecimento do sistema político democrático, da oligarquização dos partidos políticos, da indiferença ou do compadrio dos estabelecidos com a corrupção, da corrupção realmente existente, mas as suas soluções são piores do que os problemas. E são, na sua maioria, anti-democráticas e autoritárias. Há um micro-Bolsonaro dentro deles, mesmo quando juram não quererem nada com ele.» José Pacheco Pereira, in Maneiras de reconhecer um populista português moderno - Público 6juk2019.
- Quando o centro de Manchester foi destruído por uma bomba do IRA em 96, o governo do Reino Unido doou 300 mil libras para alívio de dificuldades e realojamento e 150 mil libras para uma equipa projetar um novo centro. A UE deu 21,5 milhões de libras.
- «Entre 28 de maio e 10 de junho, Boris Johnson recebeu £ 235.500 em doações "privadas", para si mesmo pessoalmente, enquanto se prepara para se tornar o primeiro-ministro não eleito do Reino Unido. (…) A flagrante corrupção do sistema político do Reino Unido é parte da razão da alienação popular das classes dominantes. (…) James Reuben, que fez duas doações no total de £ 50.000 a Johnson, é o herdeiro da segunda família mais rica do Reino Unido (…). Os Rúben ganharam dinheiro, como Roman Abramovich e Alisher Usmanov, na pilhagem dos enormes ativos de produção de metal da Rússia, que foram fisicamente confiscados por gângsteres, no caótico processo de privatização de Yeltsin organizado pelos EUA. Toda a base de sua vasta fortuna foi a exploração de ativos efetivamente roubados ao Estado e ao povo russo.» Craig Murray.
- Como a Grã-Bretanha pode ajudá-lo a roubar milhões: um guia em cinco etapas. Dinheiro sujo precisa de lavagem se for de alguma utilidade - e o Reino Unido é o melhor lugar do mundo para fazê-lo, escreve Oliver Bullough no The Guardian.
- «Lava Jato tramou vazamento de delação para interferir na política da Venezuela após sugestão de Sergio Moro». The Intercept.
- O assunto de Estado Américo Sebastião, por José Ribeiro e Castro – DN 3jul2019.
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