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quinta-feira, 11 de julho de 2019
Bico calado
As vencedoras do Campeonato do Mundo feminino de futebol regressaram a casa. No domingo, a seleção dos Estados Unidos derrotou a Holanda e conquistou o tetra. Megan Rapinoe, que foi eleita a melhor jogadora da competição, tinha dito que não iria à Casa Branca, caso a equipa vencesse o Mundial, deixando o presidente dos Estados Unidos irritado. EuroNews.
«(…) No caso do FB, trata-se de um poder equivalente mas nas mãos de uma empresa. Dir-se-á que não há tanto risco de uma utilização repressiva, mas há o imenso poder do mercado, que passa a ter um significado inimaginável antes da era digital. A empresa passa a fazer publicidade dirigida segundo o nosso perfil, pode acompanhar a nossa vida, saber as nossas escolhas, as palavras que usamos, os amigos que temos, os riscos financeiros que toleramos e pode ter mesmo a ambição de moldar os nossos desejos. Ou pode vender essa informação para fins políticos, como se viu com a Cambridge Analytica. (…) Esta moeda significa também transformar o Facebook numa potência financeira, por ora facilitando transações, mas deste modo começando a gerir dívidas. Assim, ao criar uma moeda com esta dimensão universal, como nenhuma outra, talvez excepto o dólar, o FB dá um pequeno passo para vir a ser um para-Estado, num formato que nunca se conheceu na história mundial. Arroga-se o poder de tutelar as condições de acesso ao consumo, de compras e vendas, e de controlar uma parte da circulação monetária, gerando crédito. Fá-lo excluindo-se das obrigações a que está submetida a regulação bancária e das normas de controlo público a que obedece a emissão monetária por Estados soberanos. Neste caso, não é um finança-sombra, como a que nos arrastou para a grande crise financeira de há dez anos, é antes uma moeda-luz, cujo poder é precisamente ocultado pela visibilidade absoluta. Assim, ao contrário das criptomoedas, que se escondem em recantos da internet para os curiosos, os evasores fiscais e os traficantes, mobilizando a especulação de curto prazo, a Libra seria uma potência para substituir as moedas nacionais em que se baseou o capitalismo que conhecemos. A primeira vítima deste impulso é a própria realidade da soberania dos Estados ou das zonas monetárias, como o euro. Por isso, não creio que, no braço de ferro dos factos consumados, que Zuckerberg está a dirigir do alto do seu Olimpo, haja outra resposta que não seja proibir a Libra. Ela é grande demais, desregulada demais, perigosa demais. Quando e se se instalar, e será sem autorização de qualquer entidade ou no meio da cacofonia de vários reguladores impotentes, terá começado a corrida para o poder da moeda privada. Seria um regresso ao feudalismo, só que o feudo será o planeta.» Francisco Louçã.
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