sexta-feira, 21 de junho de 2019

Bico calado

  • «(...) O estatuto editorial do site “Polígrafo” diz, a dada altura, o seguinte:” “O POLÍGRAFO não possui uma agenda político-ideológica. Os jornalistas que colaboram com o POLÍGRAFO não são militantes de qualquer partido político. Aqueles que, estando dentro da organização, decidam fazê-lo, serão imediatamente afastados das suas funções.” O cidadão Pedro Tadeu, que escreve estas linhas, jornalista desde 1983, militante do PCP, acha o “Polígrafo” interessante e acha também, por causa deste estatuto editorial, que o “Polígrafo” é estúpido. Em primeiro lugar, o “Polígrafo” diz que não tem agenda político-ideológica mas também afirma, noutro parágrafo desse texto, ser “um defensor das virtualidades da democracia liberal”, o que significa que, afinal, sempre tem uma agenda politico-ideológica. Isto é, repito, estúpido. Em segundo lugar, o “Polígrafo” defende a independência e a liberdade dos seus jornalistas ameaçando-os com o despedimento. Isto é, realmente, muito estúpido! (…)Eu acredito mais num jornalista que, de forma transparente, me diga o que politicamente pensa do que aquele que grita aos quatro ventos não ter partido. Porquê? Porque todo o jornalista tem opções políticas, vota, abstém-se, declara acordo ou discordância com posições políticas de partidos; porque, de uma forma ou de outra, a vida política-partidária, mais a sua dinâmica e a sua pressão, influenciam a forma como um jornalista analisa a realidade e influenciam a forma como o jornalista escreve. Mesmo para fazer uma verificação de factos, a ideologia conta. Por outro lado, um jornalista que abdica de direitos de cidadania para si próprio por imposição do patrão, como o “Polígrafo” quer, é um jornalista civicamente débil e não está, consequentemente, em condições de defender os direitos de cidadania dos leitores. Um jornalista que abdica de direitos de cidadania para si próprio por imposição do patrão está a ceder aos interesses corporativos da organização que lhe dá o bem escasso de um emprego e isso, custa-me dizê-lo, é uma forma de corrupção. (…)Um membro de um partido é um bandido?… Bem, isso era o que o fascismo pensava e, por isso mesmo, só havia, nesse tempo, um partido em Portugal… Não entendo, por isso, que modelo de “democracia liberal” o “Polígrafo” acha que defende. “Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.” É bonito, o artigo 13 da nossa Constituição que acabo de citar, não é? Mas, pelos vistos, é só tinta num papel porque, se fosse mesmo Lei Fundamental, o “Polígrafo” estava ilegal.» Pedro Tadeu, in O “Polígrafo” é ilegal?DN 19jun2019.
  • «(…) O que distingue um canalha de um tipo decente é a atitude perante os indefesos. O canalha humilha os indefesos. Os pides eram canalhas, não pela ideologia, mas por torturarem, violentarem pessoas indefesas. Eram canalhas porque podiam ofender sem correrem riscos. Foi o que o pretenso cómico Ricardo Araújo Pereira fez com Armando Vara, hoje, há pouco.  Armando Vara está preso e foi exposto, por gente de baixo carácter, numa comissão da Assembleia da República. Mandava a decência que a dita comissão de deputados não promovesse o espectáculo do aviltamento de um cidadão preso, trazido algemado à Assembleia da República.  Ao aviltamento promovido pelos deputados, correspondeu o dito cómico com uma canalhice guinchada e histérica. O homem, neste caso, o Vara não se pode defender: vá de o utilizar para ganhar a vida. Presumo que se Vara fosse um criminoso de sangue, um assassino com um gangue atrás, o Ricardo não se atreveria a humilha-lo e a utilizá-lo para pagar o seu cachet. Podia sempre receber de troca um tiro, uma tareia. Mas, perante o Vara, o Ricardo sente-se imune. É um cobarde, além de canalha. (…)» Carlos Matos Gomes,  in Jornal Tornado.
  • «O trigo é uma arma de grande poder na próxima fase do conflito sírio”, insistiu Nicholas Heras, membro do New American Security (CNAS) em Washington, DC. Washington pode pressionar os seus aliados curdos a restringir o fornecimento de alimentos do país para pressionar o regime de Assad e, através dele a Rússia, a forçar concessões». The Grayzone.
  • Como Wall Street colonizou as Caraíbas. A história do imperialismo americano pode ser encontrada nos arquivos das instituições mais antigas, maiores e mais poderosas de Wall Street. Um mergulho profundo nos cofres e registos de bancos como o Citigroup, Inc. e o JP Morgan Chase e Co. revela uma história de capitalismo e império cuja narrativa não é de crescimento económico moralmente puro e inspirador, inovação tecnológica, expansão de mercado e acumulação de acionistas, mas sim de sangue e trabalho, soberania e recursos roubados, ocupação militar e controlo monetário. Um ensaio de James Hudson que vale a pena ler, via Boston Review.

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