segunda-feira, 6 de maio de 2019

Bico calado

  • «(…) O caso do cartoon de António é exemplar. Criticar a política actual do Estado de Israel não é ser anti-semita. Ser anti-sionista não é ser anti-semita. Criticar o par Trump-Netanyahu – uma das maiores ameaças pela sua política beligerante, anti-Palestina e anti-xiita ao serviço do príncipe assassino da Arábia Saudita, ao próprio Estado de Israel – não é ser anti-semita. Estava lá a estrela de David e a kipah na cabeça de Trump? Estava. Mas se fosse uma representação de um muçulmano não estaria o turbante, ou as barbas longas, ou algures o Crescente ou um minarete? Pelos vistos, o New York Times, como aliás muitos políticos democratas, comporta-se face ao poderoso lóbi judaico americano como os republicanos diante do lóbi das armas, e tem um medo pânico de ficar em qualquer lista negra. (…)» José Pacheco Pereira, in Os milhares de censores oficiais e as dezenas de milhares oficiosos – Público 4mai2019.
  • «(…) Neste filme, Bloco e o PCP votaram agora em coerência com o que votaram no passado. Já PS, PSD e CDS saem bastante mal na fotografia. O PSD sai mal porque se sabe que esta suposta viragem à esquerda e o súbito amor pelo sindicalismo docente é um oportunismo de circunstância. Francamente: alguém acredita? Se o PSD governasse, não teria havido qualquer descongelamento para os trabalhadores dos serviços públicos, nem recuperação de salários e de pensões para os trabalhadores do privado. (…) O CDS fez uma figura um pouco mais ridícula quando, logo após ter aprovado o que aprovou, veio dizer, aflito, que afinal a norma aprovada não era para levar a sério, porque (e cito o comunicado do CDS) “Não é verdade que o CDS tenha hoje aprovado o pagamento do tempo integral dos professores. Essa proposta foi chumbada com o nosso voto. Aprovou-se apenas o princípio de que os professores terão direito à contagem integral do tempo congelado mediante negociação com o Governo”. Ou seja, os incautos que se desenganem: a posição do CDS é uma confusão para enganar os professores. (…)» José Soeiro in Menos jogos e mais responsabilidade – Expresso Diário 3mai2019.
  • «Um jornalista descobriu em 2016 que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do Governo Passos Coelho/Portas, Paulo Núncio, durante os anos da troika (2011/ /2014), mandara omitir a publicação de estatísticas sobre transferências de capitais para offshores (obrigação da Diretiva Europeia contra o Branqueamento de Capitais e Financiamento do Terrorismo, que o anterior SEAF Sérgio Vasques tratara de fazer cumprir). E à conta dessa omissão, a Autoridade Tributária havia deixado de exercer controlos de branqueamentos de capitais e de evasão fiscal sobre essas transferências, pois as notificações que recebia dos bancos eram frequentemente infiáveis, sendo só meses ou anos depois retificadas. Rebentou o alarme social em torno deste escandaloso "apagão fiscal": calculava-se terem voado pelo menos 10 mil milhões de euros (um sétimo do empréstimo pedido à troika), em grande parte (8 mil milhões) transferidos pelo BES/GES quando a sua Administração já sabia estar sob investigação e, não obstante, apelava aos cidadãos que fossem subscrever mais "papel comercial" aos seus balcões... Nos anos duros do Estado à beira da bancarrota, ninguém controlava o dinheiro transferido para paraísos fiscais. Face ao escândalo, o Governo (já o de António Costa) ordenou um inquérito à Inspeção-Geral de Finanças para apurar o que explicava tão suspeita "falha" da Autoridade Tributária. As conclusões desse inquérito ("falha informática") foram de tal forma deficientes e suspeitas, que o então SEAF, Fernando Rocha Andrade, em 2017, encaminhou o inquérito para investigação criminal pela PGR. Seria de esperar máxima atenção e prioridade na investigação, não apenas pelo alarme social causado em Portugal e na Europa (esteve na origem de uma missão da Comissão de Inquérito do PE sobre os "Panamá Papers" que se deslocou a Portugal), mas também pelas sinistras ligações com o colapso do GES/BES. Mas, estranhamente, o caso nem sequer ficou nas mãos do DCIAP: no mandato da PGR Joana Marques Vidal, foi entregue ao DIAP! Onde tem estado a aboborar!... Tendo-me constituído, e aceite, como assistente no processo, estou vinculada ao segredo de justiça e, por isso, não posso falar do que vi. Mas posso falar do que não vi. E o que não vi foi investigação! Depois de ter aberto inquérito em agosto de 2017, o MP limita-se a aguardar que a PJ pratique diligências para as quais repetidamente alega não ter meios, nem as considerar prioritárias, face a tantas outras investigações que tem em mãos!... deixando o processo ir aboborando para a prescrição dos crimes.... O Governo continua a injetar dinheiro dos contribuintes num Novo Banco que nasceu velho e torto, porque os capitais "voaram" antes do seu nascimento. Garante-se impunidade àqueles que ocultam, ludibriam e brincam com o sistema de justiça e a administração fiscal. Sobre este "apagão fiscal" não se vê que se queira fazer nenhuma luz: as lâmpadas da justiça mantêm-se apagadas, num estridente silêncio de injustiça.» Ana Gomes, in Há luz ao fundo do "apagão fiscal"? - JN 27abr2019.
  • Plano de pormenor do US Souther Command, de 23 de fevereiro de 2018, para derrubar o governo de Maduro. Off-Guardian.
  • Erik Prince, fundador da polémica empresa de segurança privada Blackwater e apoiante declarado de Trump, tem pressionado para se enviar um exército privado de 5 mil homens para ajudar a derrubar o president da Venezuela, Nicolas Maduro. Reuters.

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