sexta-feira, 1 de março de 2019

Reflexão – Apoio a incineradoras nas regiões periféricas contradiz política ambiental da União Europeia


A proposta do Parlamento Europeu de reduzir os subsídios da UE para a eliminação de resíduos e incineradoras no âmbito do Fundo de Coesão é um passo importante para um sistema mais inteligente, seguro e circular. 
Porém, aplica-se uma isenção às regiões periféricas, como os Açores, a Madeira, as Canárias, os territórios franceses ultramarinos de Guadalupe, Guiana Francesa, Martinica, São Martinho, Reunião e Maiote, onde o dinheiro público europeu poderá ser investido na construção de incineradoras. 
Na Terceira, a incineradora existente necessita de queimar o máximo de resíduos possível para se manter economicamente viável; absorveu grande parte do financiamento regional que poderia ter sido canalizado para apoiar um sistema melhorado de recolha seletiva e reciclagem.
Em São Miguel, o plano de construção de uma incineradora com fundos da UE deverá absorver 20% dos recursos financeiros atribuídos à gestão de resíduos sólidos urbanos em Portugal até 2020, enquanto a central trataria apenas 1,4% dos resíduos produzidos no país.
Na Madeira, a presença da incineradora de resíduos sólidos urbanos contribuiu diretamente para taxas de reciclagem muito baixas (apenas 10% em 2017) e para o abandono da reciclagem de resíduos orgânicos, uma vez que a quantidade disponível de resíduos não é suficiente para a central operar em pleno e não ter prejuízos.
Estas experiências devem soar o alarme sobre o encargo financeiro que a incineração de resíduos pode causar nas comunidades ultraperiféricas da Europa, ao mesmo tempo que interferem na sua luta por uma economia mais circular. EEB.

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