domingo, 10 de março de 2019

Bico calado

  • Isaltino confeciona em direto feijoada no Palácio Marquês de Pombal para 850 funcionários da câmara municipal de Oiras, conta o Jornal da Uma, da TVI de 9mar2019, aos 20’21. Quanto terá custado? O almoço de Natal de 2017 custou 100 mil, o de 2018, 195 mil. Como o povinho gosta, os media divulgam. Na bruma das memórias ficam filmes de imbróglios que fizeram Isaltino Morais, em 2009, ser condenado a sete anos de prisão efetiva e a perda de mandato, bem como a pagar uma indemnização de 463 mil euros ao Estado. Em 2005, já fora constituído arguido num processo relacionado com contas bancárias não declaradas na Suíça e no KBC Bank Brussel, em Bruxelas. Mas o povinho continua a gostar. E os media continuam a alimentar a fornalha.
  • «(…) Nenhum jornalista tinha possibilidade de alcançar que aquelas multidões eram tão espontâneas como as bandeirinhas portuguesas que os manifestantes tinham e tresandavam àquelas que Salazar deu a todos os que foram ”convidados” a encher as ruas de Lisboa por onde passou o Imperador da Etiópia... Na verdade, olhando o modo como os grupos de dança estavam aperaltados, não dava para ver que foram pagos (o que é perfeitamente normal) para espontaneamente saudarem o Celito. (…) O narcisismo de Marcelo atingiu níveis que roçam o patológico. Então ele não se lembra (de certeza que sim, tem razões para isso, o pai foi governador-geral de Moçambique no tempo de Caetano) do delírio dos angolanos e moçambicanos quando o marechal Craveiro Lopes ou o almirante Tomás, o cabeça de abóbora, iam a Angola? E todos saudavam o Presidente português, ao contrário do que faziam crer os terroristas... Impunha-se decoro no mais alto magistrado da nação, mas não se pode pedir a alguém o que não tem. Ai Celito, Celito...» Domingos Lopes, in Não tem cura o Celito – sem decoro - Público 8mar2019,
  • «(…) Não sei que preclaro espírito do Governo se lembrou de preconizar a criação de um tribunal, que começou por ser anunciado “especial” e depois passou, mais prudentemente, a “especializado”, para julgar os crimes de violência doméstica. E não sei se a proposta terá surgido na hora da sesta para apanhar os ministros todos a dormir, porque, com tantos juristas na sala, não se entende como é que alguém não matou logo ali o devaneio, dizendo: “meus senhores, vão ler a Constituição”. Porque, de facto, chamem-lhe especial ou especializado, a Constituição, e muito bem, não permite a criação de tribunais diferenciados para o julgamento de certos tipos de crimes. E não foi apenas a memória dos cobardes Tribunais Plenários da ditadura que tolheu a mão ao legislador constituinte. Basta pensar em como seria a composição de um tribunal desses — por exemplo, de um tribunal para julgar crimes de violência doméstica: os juízes seriam escolhidos ad hoc ou submeter-se-iam a um concurso? E seriam aceites por que outros critérios que não políticos e ideológicos? E por quem? E quem os classificaria e de acordo com que critérios? São disparates destes, feitos sem pensar, que dão aos juízes argumentos para poderem dizer que a política se quer intrometer naquilo que é da Justiça, limitando a sua independência. A pior coisa que se pode fazer numa situação de guerra, como aquela que efectivamente vivemos nesta matéria da violência contra as mulheres, é começar a disparar em todas as direcções sem antes ter um plano concertado de batalha.» Miguel Sousa Tavares, in Se ainda ao menos pedissem com maneiras…» Miguel Sousa Tavares, in Expresso 9mar2019.
  • Famílias famintas do Iémen vendem filhas de três anos para casamento, denuncia a Oxfam em entrevista à RT.
  • Ataque ciberterrorista à Venezuela deixou 80% do país sem electricidade. Ora cá está mais uma poderosa manifestação de certa campanha humanitária.

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