sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Bico calado

  • A Holanda colocou Jersey na lista negra dos paraísos fiscais, junto de outras 20 jurisdições. É a primeira vez que a ilha foi oficialmente colocada na lista negra por um país da União Europeia, tendo escapado o ano passado de ser colocada numa lista compilada pelo Grupo do Código da União Europeia para nomear e envergonhar 17 países como parte de uma tentativa de conter os prejuízos anuais estimados em 500 bilhões de libras. Bailiwick Express. Que grande hipocrisia rteina aqui. É que a Holanda é também um paraíso fiscal onde a transparência é tabu…
  • A gestão do parlamento britânico assumiu as dívidas superiores a 17 mil libras feitas por deputados que não pagaram os seus consumos no bar e no restaurante daquela mui nobre e vetusta instituição. A estória é do insuspeitíssimo The Telegraph.
  • A polícia húngara investiga cerca de 100 casos suspeitos de fraude eleitoral por partidos que parecem ter sido criados pouco antes das eleições de 2014 para lucrar com os lucrativos subsídios da campanha. OCCRP.
  • Os estonianos lideram o consumo de álcool na EU, conclui o Eurostat. Afinal Portugal está muito em baixo no consumo de álcool, atrás de países tão sóbrios como a Áustria, a Alemanha, o Reino Unido…
  • Os EUA e Israel abandonaram oficialmente a UNESCO porque esta organização criticava o ocupação israelita de territórios palestinianos. Os impactos financeiros serão mínimos, uma vez que ambos os países há muito que tinham deixado de a subsidiar. AP.
  • «O Professor Marcelo foi à tomada de posse de Bolsonaro não como presidente da República Portuguesa mas sim na qualidade de afilhado do Professor Marcelo Caetano». João Quadros, Twitter.
  • «(…) Marcelo declarou que o encontro com Bolsonaro foi “entre dois irmãos”. Marcelo alertou para o perigo fascista na manifestação de coletes amarelos em Portugal e durante uma semana desmobilizou a manifestação dizendo que este era um país que resolvia os “problemas em democracia, e com eleições”. (…) Se Bolsonaro é fascista ninguém dúvida - o Brasil ainda não é um Estado fascista, mas é comandando por um. Em países civilizados e europeus democráticos as suas declarações deram prisão - como aconteceu em Inglaterra, onde líderes de extrema-direita, por menos, foram presos e por vários anos. Ir à sua posse - tirando o extremista Orban, Marcelo foi o único líder europeu que o fez - é um sinal perigosíssimo para a normalização do fascismo. A pergunta é, o que é mais perigoso para a força do fascismo: uma manifestação do povo da província contra impostos altos ou a diplomacia fraterna exercida pelo mais alto cargo do aparelho de Estado, abraçando um homem que defende a tortura e chamando-lhe irmão? (…) Angela Merkel tem mais dinheiro na Volkswagen em São Paulo do que Portugal tem nos negócios todos com o Brasil. A diferença é que a oposição interna alemã não autorizou a chanceler a ir à tomada de posse de Bolsonaro. E a oposição de esquerda em Portugal tomou uma dose massiva de Xanax, há muito. (…) O que não podemos é por um segundo legitimar a ida de Marcelo à tomada de posse de Bolsonaro. Não se abraça um homem que tem uma arma na mão apontada aos nossos irmãos brasileiros. Este foi já o maior erro de Marcelo, e foi um erro gigante. A boa diplomacia exigia coragem, é isso que queremos de um Presidente. Na falta dela, pelo menos uma diplomática dor de barriga, e envio de um representante. Mas nunca, nunca, abraçar um fascista.(…)» Raquel Varela, FB.
  • «A tomada de posse de Jair Messias Bolsonaro foi o ato final de legitimação do golpe de Estado contra Dilma. Lá foi Michel Temer, que a traiu, a devolver a faixa presidencial, à espera da prisão, pois, ao contrário de Lula, há gravações que provam a sua corrupção. (…) Bolsonaro, depois de uma carreira militar que terminou em capitão, de onde foi afastado por críticas públicas a baixos salários dos militares e a um alegado plano para dinamitar os sanitários da sua Academia Militar, foi para a política, onde se distinguiu mais pela boçalidade do que pela atividade legislativa, nos 27 anos de Congresso Federal, em que percorreu 8 partidos, sendo o último, PSL, que o indigitou para candidato à Presidência. Convidou pessoalmente para a posse os primeiros-ministros de Israel e da Hungria e o chefe da diplomacia dos EUA. O pudor ou calculismo afastou figuras de primeiro-plano internacional do pungente espetáculo que contou com fortes medidas de segurança. (…) A presença do PR em Brasília foi humilhante para ele e para o País. Numa atitude sem precedentes, só as televisões portuguesas fizeram pior. Deram desmedido relevo ao ato, cúmplices da vergonhosa promoção de Bolsonaro e da divulgação do seu ideário.(…)» Carlos Esperança, FB.
  • «Mário Machado não é “autor de algumas declarações polémicas”, como afirma o apresentador da TVI, Manuel Luís Goucha. Mário Machado foi condenado e esteve preso uma década por crimes de discriminação racial, coação agravada, posse ilegal de arma, ofensa à integridade física qualificada e tentativa de extorsão. Esteve implicado na morte de Alcindo Monteiro, espancado até à morte no Bairro Alto. Liderou os Hammerskins, um movimento skinhead de inspiração nazi. Foi o preso que mais tempo passou numa prisão de alta segurança, em Portugal, depois do 25 de Abril. A TVI tem todo o direito de entrevistar Mário Machado e Mário Machado tem todo o direito de ser entrevistado pela TVI. O que se exige é que essa entrevista seja, de facto, uma entrevista jornalística e não um veículo de normalização e validação do perfil político de Mário Machado e, muito menos, um mecanismo para a neutralização dos crimes de que foi acusado e condenado. (…)» Os truques da imprensa portuguesa, FB.

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