quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Bico calado

  • «(...) Agora, a via para a destruição do SNS parece ser fomentar o seu descrédito. Por via da greve de longa duração dos enfermeiros (que fazem greve no público mas continuam a trabalhar no privado, onde os seus salários não são superiores), por via das constantes críticas aos serviços que não funcionam (às vezes justas, mas muitas vezes parcelares). Os enfermeiros querem ganhar mais. Muito bem. (…) Quando uma doença como o cancro atinge uma pessoa de rendimentos médios (a designada classe média, largamente maioritária), ela aguenta até ao segundo ou terceiro tratamento de quimioterapia. Ao quarto tem de passar para o público, que a recebe sem perguntas. Porquê? Porque os tratamentos inovadores são de tal modo caros que os 10 ou 20 por cento que é preciso pagar para completar o seguro de saúde não são, pura e simplesmente, comportáveis. Convém acrescentar que o SNS tem ao seu dispor o que de mais avançado e inovador existe nos países mais desenvolvidos e não regateia a sua aplicação» Teresa de Sousa, in Público.
  • Em 2018, 63 jornalistas foram mortos enquanto trabalhavam. Os países mais perigosos são o Afeganistão, a Síria, o México, o Yemen, a Índia e os EUA. Reporters Without Borders.
  • «(…) O recurso à engenharia eleitoral é um dos segredos mais conspícuos do nosso tempo e um exercício esperado de quem que se sente ameaçado. Assim, os democratas têm mais 14 milhões de votos do que os republicanos mas ficam em minoria no Senado. Trump perde as eleições populares por três milhões de votos e é eleito presidente. (…) Macron pode ter 30% e depois conseguir, pela magia uninominal, uma aterradora maioria de dois terços. Ora, de todas as formas de engenharia eleitoral, a mais eficaz e, portanto, mais repetida, também a mais delinquente, é essa dos círculos uninominais, que exigem maioria em cada circunscrição e que, desse modo, anulam a proporcionalidade. Se houvesse em Portugal um sistema destes só haveria deputados do PSD e PS, talvez um ou dois do PCP. Mais de um terço dos eleitores deixaria de estar representado. Para cobrirem tal descaramento, os promotores da ideia sugerem compensar a distorção com um círculo nacional ou com outros modos de contabilidade que transformariam as eleições numa charada. (…) No Brasil os deputados também são votados individualmente, disputando dentro de cada partido os lugares, o que estimula uma corrida ao dinheiro e permite que seitas, gangues e empresas se façam representar. Seria o que aconteceria em Portugal com os círculos uninominais, que exigiriam primárias dentro de cada partido, a porta de entrada para essas forças. Esta proposta promove o avanço da corrupção do sistema político. Resta a demagogia. Na plataforma da imitação lusitana dos “coletes amarelos” repete-se a frase mais popular de todos os populistas: menos deputados, agora com a ideia atordoante de “só 4 deputados por cada região”. Presumindo que os autores não se referem só à Madeira e Açores, teríamos assim que Portalegre passaria a eleger o dobro dos deputados, tantos como Lisboa, que tinha 48. Ou seja, num parte do país oito mil votos elegem um deputado, noutra são precisos 200 mil. Nesse sistema de batota, a única pergunta seria se vale a pena votar. » Franciso Louçã, in Delinquência política no sistema eleitoral - Expresso, via FB.
  • No Reino Unido, a Amnistia Internacional lidera campanha de boicote à importação de artigos produzidos na faixa ocupada de Gaza.
  • A União Europeia prepara a atualização da sua lista negra de paraísos fiscais para incluir novos critérios e um maior alcance geográfico, possivelmente alargado até aos EUA, diz a insuspeita Bloomberg.
  • Ricardo Salles, anunciado por Bolsonaro para o Ministério do Meio Ambiente, teve a sua campanha financiada pelo maiores desmatadores do país e é acusado de incumprimento de leis ambientais. «Desde 2017, é alvo de ação movida pelo Ministério Público de São Paulo sob a acusação de alterar ilegalmente o plano de manejo de uma área de proteção ambiental, na Várzea do Rio Tietê, com a clara intenção de beneficiar setores econômicos», escrevem o El País e o Brasil 247.


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