quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Bico calado

Foto: Peter Kneffel-AFP

«(…) o urbanismo da(s) Câmara(s) é um mundo perigoso pelos interesses que movimenta e pelo secretismo com que é tratado - dado que ficam na dependência dos vereadores com a tutela e não passam, na maior parte dos casos, pelas reuniões da Câmara (e muito menos da Assembleia Municipal). De facto, fiquei surpreso (e creio que não era um vereador distraído...) com os pormenores dos processos que li e que nem sequer imaginava. Como o facto de se mudarem opiniões sobre processos com mudanças de vereadores (apesar de se manterem os instrumentos de gestão urbanística!). Como as entidades externas que devem emitir pareceres se "esquecem" de o fazer ou como esses pareceres (positivos...) podem servir para instruir processos apesar das mudanças que, posteriormente, ocorreram nos projetos... Ou como compromissos assumidos em reunião de Câmara (porque uma cedência de terrenos teve obrigatoriamente de passar pela mesma) não foram, depois, honrados pelo respetivo presidente... Ou pela constatação de que projetos liminarmente rejeitados pelos serviços são, depois, aprovados com uma alteração "imposta" por um novo vereador e que ainda piora a situação (dando ainda mais valia económica ao mamarracho). Situações que também põem em causa a dignidade profissional de funcionários municipais, que, nos seus pareceres, ficam muitas vezes divididos entre a defesa da causa pública e a "lealdade" às orientações dos seus superiores hierárquicos com responsabilidades políticas.(…)» Rui Sá, in Urbanismo mais transparente - JN 31jul2018.

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