terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Retortilho reedita folhetim de Almaraz?

Imagem captada aqui.

Uma delegação de deputados portugueses está em Espanha com a missão de avaliar o impacto da instalação de uma mina de urânio a céu aberto perto da fronteira de Almeida. Trata-se da mina de Retortillo, em Salamanca. 
Pedro Soares, do Bloco de Esquerda, considera que esta situação tem semelhanças com o caso da central de Almaraz, onde as autoridades espanholas decidiram construir um armazém de resíduos nucleares sem consultar Lisboa: «Até agora isso não foi feito e isto, de facto, faz lembrar o que se passou com Alamaraz, que obrigou a que o Governo português tivesse de fazer uma queixa à Comissão Europeia para obrigar a que as autoridades espanholas prestassem informação, partilhassem informação sobre o caso do armazém de resíduos nucleares». 
O deputado frisou que a mina de Retortillo «ficaria a poucos quilómetros da fronteira portuguesa, em Almeida. Portanto, a contaminação radioativa através do ar tem uma enorme probabilidade e, para além disso, a mina fica em cima de um afluente do Rio Douro, que quer dizer que toda a drenagem de águas, todas as escorrências da mina vão acabar por ir parar ao Rio Douro». 
Refira-se que, em abril de 2017, o Ministério da Energia espanhol decidiu suspender o processo de autorização da construção de uma fábrica de concentrados de urânio em Retortillo.
Refira-se também que Salamanca vai ser palco de uma manifestação, sábado, 24 de fevereiro, contra a abertura de uma mina de urânio, da australiana Berkeley, perto da fronteira de Almeida. 
As minas de urânio foram abandonadas devido aos seus elevados impactos ambientais e, perigosidade e rentabilidade escassa. Na Europa, a única mina de urânio a funcionar situa-se na Roménia e, apesar de não ser rentável, está ativa por pressão dos mineiros. O parque das centrais nucleares europeias está em vias de completar o período de vida útil
Os resíduos da mina de urânio de Campo Charro, em Salamanca, ameaçam 5 milhões de euros atribuídos para programas ambientais numa zona de Rede Natura 2000 e que incluem a requalificação dos rios Yeltes e Huebra e espécies raras. Com vista a satisfazer um eventual aumento de procura de combustível para as centrais nucleares norte-americanas, a mineira Berkeley acelerou as suas operações, adquiriu equipamentos e avançou com obras sem devidas licenças, o que já despoletou uma investigação por parte das autoridades europeias. A Berkeley já foi duas vezes multada num total de 18 mil euros, uma ninharia sabendo-se que cada um dos seus diretores recebeu, em 2016, 650 mil euros. 

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