sábado, 24 de fevereiro de 2018

Reflexão - O trabalho duro e desvalorizado dos “homens do lixo”

Imagem captada aqui.

«A profissão de cantoneiro de limpeza – ou “lixeiro” – foi sempre uma das mais subvalorizadas pela sociedade. Além de passar despercebida aos olhos da maior parte da população, esta é uma das atividades mais atingidas por acidentes de trabalho na região. Entre os riscos que correm diariamente contam-se lesões, cortes, doenças, infeções e até atropelamentos, sem esquecer que trabalham à noite e ao frio. No Algarve, homens como Sérgio vão pendurados num camião, de porta em porta, de contentor em contentor, para recolher o lixo dos outros. É o preço que alguém tem de pagar para limpar a região e manter a vida a correr. (…)

“Os cantoneiros trabalham todos os dias faça frio, chuva, vento ou calor. Andamos sempre em contrarrelógio para cumprir o serviço, em ritmo acelerado de trabalho, em turnos noturnos e prolongados. E os perigos são muitos”, desabafa Sérgio Cabrita ao JORNAL DO ALGARVE.
Todas as noites, o ritual deste cantoneiro de 45 anos e mais 60 colegas cantoneiros de Silves é o mesmo. Chegam às instalações do parque de viaturas municipais um pouco antes das 4h00, marcam o ponto, vestem as fardas e saem no rasto do camião do lixo para fazerem a ronda. São seis horas pendurado em cima de um “pernil” do camião do lixo, a esvaziar e carregar contentores pesados, de um lado para o outro. “No verão, chegamos a trabalhar assim sem folgas.” E o salário base que levam para casa é 580 euros.

Como se não bastasse, para além da dureza e do desgaste, a profissão de cantoneiro de limpeza também é uma das mais perigosas. À primeira vista, a maioria das pessoas diria que a atividade dos polícias e dos bombeiros é mais arriscada, porque colocam a vida em perigo, precisam de uma boa preparação física e coragem para enfrentar os desafios impostos pela sua profissão. No entanto, apesar de passar despercebida à maioria da população, a região também não conseguia (sobre)viver sem os cantoneiros.
“Nós corremos diariamente vários riscos, desde lesões e cortes, à exposição a materiais e substâncias contaminadas, doenças e infeções, passando pelo stress, ruído, calor, frio e humidade, não esquecendo o risco de atropelamento e esmagamento, além de outros ferimentos”, refere Sérgio Cabrita. E no Algarve já aconteceu tudo isto…» 
Nuno Couto, in Jornal do Algarve.


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