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- «Os autarcas são o espelho fiel dos portugueses. Em nome da descentralização reclamam mais poderes, mais dinheiro, mais direitos, mais competências mas quando o governo lhes atribui responsabilidades e deveres aqui d'el Rei que o governo (seja ele qual for) está a empurrar para as autarquias competências do poder central. Vem isto a propósito do projecto de diploma, apresentado pelo governo, que responsabiliza as autarquias pela limpeza das florestas, caso os proprietários não cumpram essa obrigação. A proposta apresentada pelo governo insere-se num pacote de medidas de combate aos incêndios florestais e parece-me bastante sensata, pois em função da proximidade e conhecimento do terreno, as autarquias estão muito mais habilitadas a detectar incumprimentos e obrigar os proprietários a cumprir a lei, do que o governo. A contestação da ANMP a esta proposta do governo apenas confirma aquilo que todos sabemos. Em matéria de descentralização, os autarcas querem o lombo, mas rejeitam os ossos, porque dão muito trabalho a roer.» Carlos Barbosa Oliveira, in Eles só gostam de bifes do lombo - Crónicas do rochedo.
- «(…) em Ovar, 17 militantes do PSD moravam na mesma casa. O que gastaram nas quotas foram forçados a poupar na renda. Talvez não tenha sido um grande sacrifício: uma comunidade de militantes do PSD, vivendo juntos e dormindo em camarata, é uma boa ideia. Estimula a entreajuda e a troca de impressões sobre a vida interna do partido. Uma espécie de internato ideológico. Os militantes do Bloco vão acampar para a mata; os do PSD vão coabitar numa vivenda em Ovar. Faz sentido. Fiquei mais sossegado quando os jornais foram investigar a casa em questão e descobriram que não era habitada por 17 pessoas mas por apenas 8 – nenhuma das quais militante do PSD. Melhor ainda: 17 militantes do PSD possuem uma moradia em sociedade e alugam-na a gente que não é social-democrata. Lucram onerando pessoas de outros quadrantes ideológicos. O caso é ainda mais interessante no número 379 da Rua dos Pescadores, na mesma localidade. Nessa morada vivem mais 8 militantes do PSD, embora não haja lá qualquer casa. Vivem num terreno baldio, demonstrando um despojamento e um amor à natureza que vão rareando neste nosso mundo moderno.(…)» Ricardo Araújo Pereira, in O problema da habitação – Visão 18jan2018.
- «(…) Será que os responsáveis da SIC aceitariam que entrassem cinco a dez pessoas casa adentro, filmando os seus filhos, as discussões que têm com estes, as suas lágrimas em grandes planos, expondo-os a milhões de espectadores? Será que os responsáveis da SIC aceitariam fazê-lo gratuitamente ou vendiam esses momentos privados por cerca de mil euros? As discussões têm preço? A privacidade tem preço? Quanto valem as lágrimas de uma criança??? Que acompanhamento é que a SIC e a sua SuperNanny irá dar às crianças/jovens que foram violadas na sua privacidade, atiradas aos olhares e comentários de colegas em idade perfeita para fenómenos como o bullying, a exclusão social e afins, durante as próximas semanas/meses? Que acompanhamento é que a SIC e a sua SuperNanny vão dar, às milhares de crianças que vão tentar reproduzir aquilo que viram na televisão, pois como apareceu na televisão é fixe, é válido, é importante? O que a SIC fez, e o que os pais que já eram incompetentes provaram mais uma vez que o são, foi vender um produto, foi ganhar dinheiro com um produto, um produto que é uma criança/jovem que não tem voto na matéria e que também ela foi comprada pelos seus 15 minutos de fama.(…) » Alexandre Henriques, in A SuperNanny mostrou aquilo que os professores há muito dizem - Público 25jan2018.
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