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por Nuno Gomes Oliveira (2010, atualizado em 2017), FB.
«Grande parte das árvores ornamentais apresenta problemas gravíssimos: doenças, deformações, podridões, inadequação da espécie ao local, e muitos outros.
O espaço urbanizado foi crescendo (quer acima, quer abaixo do solo), as infra-estruturas começaram a ser muitas e a conflitualidade com as árvores chegou.
Como se estes factos não bastassem, as práticas de poda utilizadas nas árvores ornamentais foram, e ainda são em alguns casos, exactamente as mesmas usadas nas fruteiras, isto porque muitos jardineiros têm a sua origem na agricultura.
No entanto, estamos a falar de objectivos culturais diferentes; as árvores ornamentais escolhem-se pela forma, e essa deve ser mantida ao longo de décadas ou séculos. As fruteiras podam-se para estimular a frutificação e, consequentemente, duram poucos anos.
Essas podas do passado, acabaram por prejudicar, e estão a matar, as árvores.
Nunca se devem fazer podas radicais para não causar feridas às árvores e, consequentemente, permitir a entrada de doenças (ataques de fungos, bactérias e insectos) e alteração do seu equilíbrio mecânico, (equilíbrio entre a parte área e a parte radicular); também para não lhe encurtar a vida e para não vir a ter custos desnecessários, pois árvores podadas obrigam a intervenções regulares, morrem mais cedo e a sua remoção é sempre bastante onerosa.
Árvores mal podadas são um adiar de problemas e um aumento de custos e riscos.
As intervenções em árvores ornamentais (uma poda ligeira de limpeza ou aclaramento) só devem ocorrer em fases jovens e só excecionalmente em árvores já adultas.
Cada árvore a plantar num dado local deve ser de uma espécie cuidadosamente escolhida, de modo a que se adapte ao clima e ao solo, e que a sua copa (quando adulta) possa caber no espaço aéreo disponível, sem interferir com as pré-existências (casas, fios eléctricos, etc.). O mesmo é verdade para as raízes, que necessitam de espaço para se desenvolverem e, assim, alimentarem a árvore e darem-lhe estabilidade e segurança.
Frequentemente ainda se podem ver as denominadas podas de rolagem ou seja, cortes de ramos de grande diâmetro, deixando apenas alguns cotos, ou pernadas estruturais muito reduzidas e em alguns casos só mesmo o tronco, abaixo da copa.
Ao contrário do que alguns pensam, as árvores severamente podadas ficam mais perigosas, desenvolvem, mais ramos e mais folhagem.
Uma árvore rolada é uma árvore desfigurada, enfraquecida, em risco de queda, que perdeu todas as características da espécie, e que perdeu valor patrimonial.
Se uma árvore precisa de uma intervenção severa então está na altura de pensar na sua substituição.
Mas uma árvore não é, somente, o que se vê acima do solo; uma das partes mais importantes da árvore (porventura a mais importante), e a que lhe confere estabilidade, são as raízes, frequentemente afetadas por obras públicas e de construção civil.
A maior parte das raízes desenvolve-se até cerca de 1,5 m de profundidade, indo muito além da projecção da copa da árvore (linha de goteira), podendo atingir 25 vezes o diâmetro do tronco.
Árvores instaladas em relvados com rega por aspersão, onde se usam herbicidas e adubos azotados, ou onde o nível do solo foi alterado, rapidamente apresentam problemas
São muitas as doenças que atacam as árvores; muito conhecido e grave é o caso dos plátanos, na sua maioria infectados por fungos que desencadeiam uma doença denominada “Antracnose do plátano”, provocada por um fungo (Apiognomonia veneta).
No caso dos Choupos, o “Cancro do choupo”, obriga ao abate das árvores doentes (obrigatório em França por decreto de 1951).
Toda a prevenção é pouca, para que não aconteça o que está a acontecer em Portugal com os Ulmeiros, como consequência da “Grafiose”, provocada por um insecto vector (Scolytus spp.) e um fungo (Ceratocystis ulmi) que já matou grande parte das árvores deste género.
Quando é feita uma intervenção de fundo (que inclua renovação de pavimentos, intra-estruturas eléctricas, de saneamento, etc.) num arruamento, praça ou outro espaço público com árvores velhas, é uma boa oportunidade para avaliar o seu estado fitossanitário, o desenvolvimento e a adequação da(s) espécie(s) ao local e, caso se verifique que apresentam problemas insuperáveis, devem ser abatidas e substituídas por novas árvores.
Nas avaliações de risco são feitas algumas perguntas para ajudar a tomada de decisão:
• Alvo – Se a árvore cair, será sobre viaturas, casas, linhas eléctricas, pessoas?
• Equilíbrio - Terá a árvore sofrido alteração da forma normal da espécie para outra mais perigosa?
• Ramos mortos – A árvore perdeu recentemente ramos? Há ramos mortos?
• Existem fendas abertas e profundas no tronco e ramos?
• Podas de rolagem - Há ramos de grande dimensão a crescer rapidamente a partir dos locais de corte?
• Raízes - Foram as raízes afectadas por obras de construção civil? Há carpóforos visíveis? A árvore está inclinada? Existe um relvado ou jardim instalados sobre as raízes? O solo está pavimentado?
Por isso, em muitos casos, o mal menor é o abate, para posterior plantação de outra espécie, mais adequada ao local, para que não fiquem problemas para o futuro.
A queda de uma árvore nem sempre se anuncia, e pessoas sem formação em arboricultura não devem tentar fazer previsões.
Não podemos nem devemos adiar situações de perigo para pessoas e bens; foi um eucalipto que em 2006 matou um bebé em Sintra, foi uma tília que em fevereiro de 2010 caiu e matou uma criança no Largo da Igreja em Paredes e foi a queda de uma palmeira que matou duas pessoas e feriu outra, em Porto Santo (Madeira) em 2010, tendo os autarcas locais sido condenados por homicídio por negligência.
São, agora, 13 mortos e 49 feridos no Largo da Fonte, no Funchal, com cujas famílias nos solidarizamos.»
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