- Soluções para os incêndios? Cristas agora exige responsabilidade confiança. Antes, quando era ministra da Agricultura, bastava-lhe… fé.
- Soneto dedicado a Assunção, por António Russo Dias
não se cala. Debita, severa e estridente,
inanes exigências, acusações que assaca
ao Governo, aos fados, a tudo o que é gente.
Não há jornaleco que lhe escape,
rádio, tv, tribuna improvisada,
oportunidade perdida, furo que se lhe tape.
Ele são incêndios, exames, é tudo e nada,
armas, claro, já se vê que tudo serve
que é Verão e o sangue ferve.
Dizem que é a época que se presta
à asneira, ao disparate, à logorreia.
Por isso, quem a ouça, quem a veja, quem a leia,
dê-lhe um desconto e vá fazer a sesta.
- «Em 1974 eu não estudava aqui. Tinha sido excluído da frequência em Maio de 73, através de um processo movido pela Reitoria com base numa lei de 1932, uma velha lei da ditadura, anterior mesmo ao Estado Novo e à sua Constituição fascista de 33. Salazar ainda não era sequer o chefe do governo, embora o seu nome conste, com os outros ministros, na assinatura desta lei. E, para aplicar esta tão antiga lei contra os estudantes, a Reitoria, nesse mesmo mês de Maio de 73 em que começou o meu processo, contratou os serviços externos de uma dupla absolutamente sinistra: o advogado Dr. Fernando de Matos e seu ajudante Delfim de Barros Gomes. Foram eles que instruíram o meu processo e os de tantos outros colegas, que nos ouviram, que nos notificaram, e faziam-no em papel timbrado da Reitoria, apesar de se tratar de uma forma de gestão da repressão em regime de outsourcing. Esse advogado ganhava nesta Universidade, para fazer este papel de repressão dos estudantes, mais do dobro do que ganhavam os catedráticos, e o seu desqualificado ajudante mais do que os professores assistentes. O que está certo: para o regime, reprimir tinha mais valor do que ensinar. Para processar os honorários destes dois senhores, no fim do ano de 73 - os honorários de Maio a Dezembro -, foi preciso o ministro Veiga Simão enviar um reforço de verba para esta nossa Universidade, despachado disfarçadamente como financiamento para "expansão do Ensino Superior". E querem saber a melhor? A seguir ao 25 de Abril, este senhor Dr. Fernando de Matos teve a distinta lata de processar a Universidade do Porto para que lhe pagasse - a si e ao seu ajudante - os honorários devidos pela instrução dos processos contra os estudantes entre Janeiro e Abril de 74, dando-se até ao luxo de se aumentar a si próprio para mais do triplo do vencimento de um catedrático e ao ajudante para mais do que ganhava um professor auxiliar. Só que nessa altura o reitor já era Ruy Luís Gomes e o vice-reitor era José Morgado, também eles antigas vítimas do fascismo universitário, e deram-lhe obviamente a resposta que merecia.» Renato Soeiro.
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