Imagem: RTP.
«A culpa, dizem-nos, pode ter sido de uma “trovoada seca” associada a uma onda de calor e ao nosso clima mediterrânico.
Não foi, com certeza, da monocultura florestal, que na zona em questão é essencialmente monocultura de eucalipto.
A culpa não foi do desordenamento florestal e territorial.
A culpa não foi da destruição dos serviços florestais praticada ao longo de décadas por sucessivos governos;
A culpa não foi de quem acabou com os guardas florestais que estavam estrategicamente espalhados por todos os perímetros florestais, dando corpo a uma rede de vigilância que nada veio substituir.
A culpa não foi da desertificação do interior e da falta de medidas para a contrariar.
A culpa não foi da ignorância e compadrio dos decisores que nos tem governado.
De quem a culpa não foi, seguramente, foi de quem perdeu a vida em Pedrógão Grande, porventura no regresso de uma visita à família ou de um passeio calmo, de fim-de-semana.
Sempre tivemos “trovoadas secas”, ondas de calor e clima mediterrânico; o problema não é o que sempre tivemos, mas o que não temos: prevenção, ordenamento territorial e florestal, coragem para travar e fazer regredir as monoculturas.
Em outubro vem as eleições e pouco depois o Inverno, e os decisores só se lembrarão dos fogos florestais no próximo Verão, quando outra tragédia nos vier estragar um Domingo e pôr todos os portugueses sensíveis com as lágrimas nos olhos.»
Nuno Gomes de Oliveira in Réquiem por Pedrógão Grande, FB.
«Vidoeiros, carvalhos e castanheiros, as “árvores bombeiras” que podem travar fogos». RR.
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