Imagem apanhada aqui.
A praia da vila do Samouco, concelho de Alcochete, no distrito de Setúbal, é palco privilegiado da apanha amêijoa-japonesa. A atividade está interdita no Tejo devido à presença de fitoplâncton produtor de toxinas marinhas, detetadas por análises realizadas pelo Instituto Português do Mar e Atmosfera. As multas variam entre os 600 e os 3400 euros, dependendo acima de tudo da reincidência no crime.
«São centenas de pessoas que diariamente se dedicam à apanha ilegal de amêijoa no estuário do Tejo. Assim que saem do rio quando a maré começa a encher, têm à sua espera receptadores igualmente ilegais que vão enchendo carrinhas depois de pesarem os bivalves em balanças comerciais pagando valores irrisórios por quilo (entre 8 cêntimos e 5 euros). Depois vendem-no em Espanha e Portugal pelo dobro do valor pago aos mariscadores (de 8 a 12 euros) (…) Segundo a GNR, é raro o dia em que os militares não façam apreensões de amêijoa e de instrumentos de apanha e identifique mariscadores e intermediários ilegais, mas estes acabam sempre por voltar quando a maré baixa, faça chuva ou sol, porque o negócio, (…) é para muitos uma mina de ouro. Nos primeiros quatro meses deste ano, a GNR já apreendeu 58 toneladas de amêijoa-japonesa um pouco por todo o país. Estimam que cerca de 90% seja retirada do estuário do Tejo.»
Muitos se queixam deste verdadeiro «cancro», acusando as centenas de mariscadores de abandonarem lixo por todo o lado e de não respeitarem ninguém. «(…) saem da água e despem-se com toda a gente a ver, exibindo a nudez.» No lixo até aparecem «fraldas usadas pelos mariscadores para se manterem mais tempo no mar».
Autarcas locais consideram esta atividade «uma ameaça para o ambiente, para a saúde pública e uma economia paralela que ninguém controla».
«Muita desta amêijoa entra num mercado de candonga, com vendas às escondidas nas ruas ou para vendas em alguns restaurantes. Esses restaurantes misturam esta amêijoa com a amêijoa legal, ensacada, depurada e com selo de garantia».
«Várias pessoas ficaram gravemente doentes (…) contaminadas com toxinas que causam gastroenterites graves e, em alguns casos, com materiais pesados, que podem causar cancro».
Luciano Alvarez in Um negócio ilegal feito às claras por gente que não gosta de fotografias - Público 15mai2016.
Sem comentários:
Enviar um comentário