quinta-feira, 28 de abril de 2016

Bico calado

Algures em Angola. Foto de Mário Rui Ribeiro 20abr2016.
  • Suite 605 (13): «Muitas das multinacionais que desviam lucros através das empresas-fantasma que montaram virtualmente no Funchal têm a sua base produtiva instalada em locais onde a mão-de-obra barata representa um factor decisivo e comercializam os bens e serviços nos países desenvolvidos. O não pagamento de impostos onde os lucros são obtidos produz um efeito de “eutanasia económica” para as comunidades pobres que vêem as grandes empresas de exploração mineira, petróleo, madeira e outras actividades que esgotam os recursos naturais do seu território, sem que existam contrapartidas justas para o desenvolvimento local. É como ir ao supermercado, passar na caixa registadora e receber uma factura com a frase: “obrigado pela sua visita, hoje não paga pelo que leva no carrinho de compras”. A justiça fiscal pressupõe um sistema tributário progressivo. Os que têm maiores rendimentos devem pagar mais impostos do que aqueles que ganham menos, para garantir a equidade na redistribuição da riqueza. Na Madeira, as empresas instaladas no CINM não pagam impostos. Não geram riqueza. Não criam postos de trabalho, nem acrescentam inovação tecnológica. O investimento é exclusivamente na vertente financeira e fiscal. O dinheiro não chega a entrar em Portugal. Existe apenas um registo contabilístico  de entradas e saídas. É um acto de pura perversão e batota fiscal e um truque de ilusionismo para enganar os contribuintes.» João Pedro Martins, Suite 605 – SmartBook 2011, pp174-175.
  • Entre 2004 e 2005, Ângelo Correia foi administrador da offshore Anchorage Group Assets, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. O Observador.

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