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domingo, 6 de março de 2016
Bico calado
A opinião de Rui Rio sobre Maria Luís Albuquerque em julho de 2013.
«Ao aceitar o cargo de administradora numa empresa financeira que fez parte do processo Banif ao longo dos últimos dois anos, Maria Luís Albuquerque acertou em algumas contas e errou noutras. Não acertou na sua conta política. Dela se falava para sub-chefe do PSD ou mesmo para substituir Passos Coelho um dia próximo, o que agora parece mais difícil. Ou se vai para um lado ou para outro. A não ser, e ainda se pode admitir tal extravagância, que no PSD isto dê medalha. Mas, a considerar o silêncio acabrunhado nas hostes laranjas, parece que Albuquerque não criou uma vaga de fundo de simpatia. Acertou a conta do seu rendimento. Se continuar deputada, logo se saberá quanto, porque será obrigada a declará-lo e o segredo terminará e, isso sim, será embaraçoso. Se for o que se espera, muito embaraçoso; se for algo menos do que o que se espera, duplamente embaraçoso. Mas desacertou a conta do parlamento. Uma deputada que vota o Orçamento Rectificativo sobre o Banif, ou o que vier a seguir, e que é agora paga por uma empresa que é beneficiária de decisões que possam ser tomadas nesse âmbito? Acertou, em todo o caso, com a conta do costume, e isso é que parece importar. No livro “Os Burgueses”, que escrevi com Teixeira Lopes e Jorge Costa, fizemos o levantamento das relações empresariais de todos os 776 governantes desde 1975 (não incluímos, porque foi escrito antes disso, o efémero segundo governo Passos-Portas nem o actual (…) e identificamos 230 que foram para o governo a partir de posições de direcção no sistema financeiro, ou que ao sair foram para administradores de bancos e empresas financeiras, ou que foram e voltaram. Quase um em cada três, portanto. A ligação dos governantes à finança é uma constante da nossa vida política. Maria Luís Albuquerque segue uma notável genealogia. Desacertou finalmente a conta do Estado, ou seja, destes modestos contribuintes que somos todos. A empresa que vai co-administrar é mesmo um “fundo abutre”, na linguagem técnica do mundo financeiro: compra activos desvalorizados para os vender depois com mais-valias rápidas, seja pela imposição de ganhos por via judiciária contra a dívida pública se houver uma reestruturação, seja pelo benefício da avaliação errada do preço a que os comprou e da pressa com que foram vendidos. Não vos pergunto se já adivinharam quem vai pagar esta aventura. (…)» Francisco Louçã in As contas de Maria Luís Albuquerque – Público 4mar2016.
«A ação política “acompanhada” por profissionais contratados a “peso de ouro” que privilegiam o serviço externo ocasional em detrimento do fim para que foram contratados, tem custos. Quem os suporta, dada a ausência?» José M. Paula Silva, Força Espinho6mar2016.
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